O DEFESO ENCARNADO. Acabou ontem a
silly season e os dirigentes do
Benfica acabaram por
salvar a pele nos últimos dois dias possíveis. Desde princípios de Julho que tanto
Vieira como
Veiga assumiram uma postura que muito desagradou aos adeptos benfiquistas, nomeadamente a altivez do "nós é que definimos os
timings" muitas vezes repetido por
LFV ou os consecutivos
bluffs de "jogadores de qualidade mundial já contratados". Se os benfiquistas não estavam a gostar do que viam, o falhanço da contratação de
Tomasson constituiu o ponto mais negro da direcção
encarnada neste defeso quer pelo precipitado anúncio da vinda do dinamarquês quer pela, ver-se-ia depois, falta de alternativas para o lugar de ponta-de-lança, ao contrário do dito por
Veiga que garantiu um "igual ou ainda melhor" que o agora jogador do
Estugarda. As semanas passavam, o goleador desejado não chegava, o caso
Miguel tornava-se num pesadelo, e os benfiquistas iam-se contentando com os bons apontamentos dos reforços até então contratados, com destaque para os brasileiros
Beto e
Anderson. Também
Karyaka - embora venha descendo de rendimento -,
Léo - cedo se lesionou mas mostrou ser jogador - e
Nélson - que chegou mais tarde - constituiram um acréscimo de qualidade ao plantel de
Koeman. Era, no entanto, evidente que sem um organizador de jogo e sem um ponta-de-lança este
Benfica dava muito pouca confiança à sua massa adepta e assim se explicam, por exemplo, o relativo insucesso do
kit de novo sócio ou a baixa assistência que recebeu o
Gil Vicente no primeiro jogo do campeão nacional na
Luz. Sabendo do risco que corriam ao não apresentar ninguém - até porque a equipa levava 1 ponto em 6 na
Liga e se respirava descrença -
Vieira e
Veiga garantiram, sobre a
linha da meta, os concursos de
Karagounis e
Miccoli e evitaram a saída - com algum teatro à mistura... - de
Simão. Assim, apesar da vinda tardia destes dois homens de ataque e da ausência do
matador,
Koeman tem à sua disposição o melhor plantel benfiquista dos últimos anos e ser-lhe-ão fortemente cobrados os eventuais fracassos da equipa neste ano - será o holandês capaz de fazer do
Benfica uma equipa vencedora?
EQUIPA MAIS FORTE. Este plantel do
Benfica é, como digo acima, o mais forte dos últimos anos, sem ponta de dúvida. Na baliza, dois dos melhores guarda-redes nacionais são garante óbvio de qualidade. A nível de centrais, a qualidade abunda.
Luisão - espera-se uma grande época em ano de
Mundial - e
Ricardo Rocha devem, quanto a mim, formar a dupla
encarnada, e no banco
Anderson e
Alcides apresentam-se como opções mais que válidas, sobretudo o primeiro. Na lateral-esquerda,
Léo será o titular pois
Dos Santos começou mal a época e o brasileiro deverá agarrar o lugar quando a oportunidade surgir, ao passo que na direita
Nélson será um bom substituto de
Miguel - nesta posição, a alternativa ao titular já não é tão válida... No meio-campo defensivo,
Petit,
Beto - caso os jogos de pré-época não tenham sido por acaso - e
Manuel Fernandes são sinónimo de muita entrega, força e, no caso do último, classe. Em termos ofensivos, já não será
Simão a carregar a equipa sozinho como sucedeu nestas 3 épocas pois este ano há uma alternativa ao capitão encarnado -
Karyaka - e, além de
Nuno Assis e
Geovanni, chegou
Karagounis, um médio virtuoso e bom rematador que também se destaca pela entrega e raça empregues no jogo. No ataque, é certo que falta um efectivo número 9 - o empréstimo de
Karadas foi um erro de gestão enorme -, mas chegou
Miccoli que pode
emparelhar, com sucesso, com
Nuno Gomes no ataque benfiquista. Dos últimos dois reforços, disse-se que são
sobras de
Inter e
Juventus mas convém saber que, em Milão,
Karagounis estava
tapado por
Veron e
Stankovic e que, em Turim,
Miccoli seria suplente de craques como
Ibrahimovic,
Trezeguet ou
Del Piero - coisa pouca... O maior
défice deste
Benfica será em termos físicos pois, se excluirmos os centrais, a média de alturas nem aos 1.75 metros chega. Num campeonato
duro como o nosso, vamos ver até que ponto isso influenciará o rendimento da equipa...
LILLE MUITO IMPORTANTE. Como consequência da superior qualidade do plantel,
Koeman tem nos ombros uma enorme pressão, sobretudo por treinar o campeão nacional. Antes de mais, queria dizer que o antigo treinador do
Ajax me tem decepcionado até ao momento. E tem o jogo de
Alvalade à porta... Se ganhar, não fez mais que a obrigação e continua a 5 pontos do
Porto caso este vença o
Rio Ave; mas se perder, e se abrir um fosso de 8 pontos entre o
Benfica e o líder, o holandês verá a vida a
andar para trás. Porém, defendo que não deve haver contestação dos adeptos, pelo menos visível - cada um que insulte
Koeman mas mentalmente... Quatro dias depois, há uma recepção ao
Lille no primeiro jogo de
Champions na
Nova Luz e um resultado negativo deixará o técnico holandês - caso se aguente depois de uma eventual derrota em
Alvalade - com pouquíssima ou nenhuma margem de manobra. Espero que, nesse jogo, a
Catedral se apresenta lotadíssima para assim empurrar a equipa neste regresso do
Benfica às grandes noites europeias proporcionadas pela
liga milionária. Encaro esse jogo - caso não vença em
Alvalade - como "o" jogo da
cambalhota, que permitirá ao
Benfica voltar aos triunfos e embalar para uma boa época.
Este último parágrafo foi uma mensagem para os benfiquistas apelando à calma e ao apoio à equipa também nos maus momentos - não se esqueçam que não há campeões à 3ª jornada...