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quarta-feira, janeiro 25, 2006

LIVRE FRONTAL
Dois anos depois, o que mudou?



Miklos Feher perdeu a vida num estádio de futebol há dois anos, lançando em Portugal espaço para uma discussão que dificilmente chegará a uma conclusão e pouco se tem feito para evitar.

As miocardiopatias são actualmente um tema de debate pelo mundo inteiro. As cargas físicas dos profissionais, a fiabilidade dos exames médicos, as sucessivas mortes que assolaram o futebol internacional desde Marc Vivien Foe lançam um clima de pânico em jogadores, dirigentes e sobretudo, aqueles que acabam por ser responsabilizados, os gabinetes médicos que aprovam a prática desportiva dos atletas.

Féher morreu há dois anos. O que mudou?

Os exames pouco revelaram relativamente às causas da morte, mas o incidente - primeiro de Portugal - recebeu um grande mediatismo em que os responsáveis apontados foram os mesmos - os exames, quem os fez e quem os aprovou.
Aquando da morte de Hugo Cunha no Verão passado, expus alguns sintomas, causas e efeitos de uma cardiopatia (Taquicardia Ventricular Idiopática) que, apesar de vulgar, se pode revelar mortal. Falo à vontade deste assunto porque, felizmente, ultrapassei esta doença com vida. Outros nem por isso. Como prevenir? É imprevisível. Os tão falados electrocardiogramas pouco revelam, os ecocardiogramas poderão apresentar alguns indícios, mas a verdade é que ninguém está imune a um caso destes.

Então, em que medida foi o exemplo Féher um sinal de alerta e mudança no campo médico da prática desportiva profissional em Portugal? Na minha opinião, nula! Muito se discutiu, muitas soluções eventuais foram apresentadas, mas a verdade é que a incapacidade reina no plano médico. Não por incompetência (atenção que, neste caso, não há distinção entre plano nacional e internacional), mas pela simples impotência de prever miocardiopatias fatais.
Será a morte súbita do ser humano realmente morte súbita? As autópsias não conseguem demonstrar o comportamento cardíaco antes da morte e, como tal, o termo "morte súbita" pode, entre outras coisas, encobrir ataques arrítmicos que provocam a morte.

Que mudou realmente então?

Os casos sucederam-se (Féher, Bruno Baião, Hugo Cunha, José António - antiga glória do Belenenses) e outros foram tratados previamente sem serem mediatizados (Cristiano Ronaldo, Ricardo - guarda redes do Sporting - Edgar...) e a resposta médica é de suspeição.
Ao nível do futebol jovem, por exemplo, vive-se desde então uma "guerra" entre médicos de família e médicos dos clubes, onde a responsabilidade de assinar documentos que comprovam a habilitação do jovem para praticar desporto é uma "batata-quente".

A nível profissional, os clubes defendem-se de outras formas. Os exames são hoje muito mais meticulosos, mas nem por isso totalmente fiáveis. Exemplos antigos de Nwankwo Kanu e Khalilou Fadiga demonstram a capacidade de recuperação, mas também o receio com que os dirigentes encaram os factos.

Em Portugal, Filipe Alvim é o mais recente caso de problemas cardíacos mediatizado. Confesso que acompanhei de perto as notícias que foram saindo dos seus problemas quando estava ao serviço da Académica e, por estar dentro do assunto, cheguei a desconfiar disso mesmo. Contudo, ao que parece, apenas uma asma lhe foi diagnosticada.
Regressado ao Brasil, chegaram os primeiros diagnósticos indiciando problemas cardíacos. Não estando por dentro do caso, sobretudo a forma como os responsáveis médicos da Académica trataram do caso, interrogo-me para a totalidade dos responsáveis em Portugal. Estarão todos ao corrente dos novos cursos que a cardiologia em Portugal tem tomado? Acompanharão por perto a evolução das tecnologias de tratamento de problemas arritmológicos? Numa simples pergunta... haverá a informação correcta?

Até quando estaremos sujeites a assistir a casos destes por falta de conhecimento?
Como poderá descansar um familiar de um jogador que pratica desporto ao mais alto nível? E os pais mais cuidadosos? Como terão segurança para permitir que o filho se inicie na prática desportiva? E o próprio jogador, como se sentirá?

Até quando?
Dois anos depois da morte de um profissional, de um ser humano, em directo (28 meses depois de ter sido operado) saberemos o suficiente?

Artigo de Rui Silva
Publicado às 10:59


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