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terça-feira, janeiro 31, 2006

LIVRE OPINIÃO
Eu, o Meu Caderno e o Outro

» Outro: Paços de Ferreira e "A Obsessão pelo Espaço Vazio"



Na passada sexta-feira, o Paços de Ferreira entrou em campo com o esquema táctico que tem utilizado quase sempre no campeonato deste ano. Peçanha na baliza; Mangualde e Fredy nas laterais, Fonte e Geraldo no centro da defesa; um meio-campo composto por Paulo Sousa, Júnior e Júnior Bahia e uma linha mais avançada com Didi na direita, Rui Dolores na esquerda e Ronny no centro foram os jogadores que mereceram a confiança de José Mota, um técnico que tem uma carreira cujos sucessos estão intimamente ligados ao clube, bem como os últimos sucessos do clube têm o nome de José Mota escrito.

Relativamente aos jogadores mais utilizados nesta época, destacam-se as entradas de Mangualde (que tem ganho a corrida a Primo desde o jogo da Luz), José Fonte (estreia a titular ao lado de Geraldo, num lugar que tem vindo a ser disputado por Luiz Carlos e Emerson), Júnior Bahia (jogador decisivo na promoção na época passada que chegou em Janeiro do Marítimo) e ainda Rui Dolores (no lugar de Edson, jogador angolano que se encontrava ao serviço dos Palancas Negras na 25ª edição do CAN).

O Paços de Ferreira não atravessa uma das melhores fases na presente época, sinal disso é um ponto conquistado apenas nos últimos seis jogos mas, apesar de tudo, os princípios de jogo parecem permanecer imunes ao mau momento que a equipa atravessa.

A obsessão do Espaço Vazio

Os processos ofensivos do Paços de Ferreira baseiam-se num princípio fundamental e elementar do futebol que é valorizado desde o escalão mais pequenas das camadas jovens - a criação do espaço vazio.
Assim, as movimentações dos dois extremos da equipa são quase sempre diagonais interiores, arrastando consigo o opositor. Quem aparece? Eis a dúvida que surge. A resposta é variada. O lateral, o médio centro ou inclusivé o ponta-de-lança, dependendo do momento do jogo e da condição física de cada jogador.
Num primeiro momento do jogo, Mangualde mostrou-se bastante afoito a aparecer nos espaços criados por Didi, mas à medida que os primeiros 45 minutos passaram, Júnior Bahia e Ronny começaram a substitui-lo.
Além das diagonais interiores, Didi e Rui Dolores optavam por outra forma. Na busca de ir jogar a bola no pé aos dois laterais, fugiam da sua posição e abriam o mesmo espaço para as desmarcações laterais do ponta-de-lança Ronny, sendo este método utilizado numa fase de futebol directo.
O sucesso destes dois métodos está directamente relacionado com a capacidade técnica de passe longo dos jogadores em questão.
De resto, com este princípio bem implementado desde o primeiro minuto, os pacenses tentavam fazer usufruto dele de várias formas, não esquecendo as triangulações (com dois ou mesmo três homens - Mangualde, Didi e Júnior Bahia demonstraram bom entendimento neste último caso) ou mesmo as desmarcações circulares, mais uma vez com Mangualde em especial destaque. Do lado contrário, Fredy esteve mais contido do que é habitual.

Largura ofensiva dos laterais - Um risco calculado?

O quarteto defensivo que José Mota apresentou era composto por jogadores com escola no futebol nacional. Sem serem necessariamente experientes, o "background futebolístico" que possuem, permite-lhes lidar com a importância de jogo de outra forma. O posicionamento ofensivo dos laterais - bem abertos nas linhas - privilegia a posse de bola a toda a largura do terreno, acabando por fazer "crescer" o campo, aumentando os espaços vazios. Com os posicionamentos de Mangualde e Fredy na linha, os perigos de contra-ataque em caso de perda de bola exponenciam-se, mesmo tendo em conta o ligeiro recuo de Paulo Sousa, médio com características mais defensivas. A génese do golo marcado pelo Boavista acaba por explorar esta faceta. Uma perda de bola na esquerda do meio-campo, Paulo Sousa (o do Boavista) a lançar na diagonal em profundidade e Paulo Jorge a surpreender Mangualde e Geraldo. Torna-se então absolutamente essencial a segurança na posse de bola.
De resto, em que se apoiava esta variante do 3x4x3 (com as subidas dos laterais e ligeiro recuo de Paulo Sousa)? Para além da já falada largura ofensiva, o posicionamento ajudava o trabalho de Paulo Sousa e Júnior na construção de jogo. Mais recuado, Paulo Sousa é o organizador de jogo numa primeira fase. É o responsável pela horizontalidade do jogo, é ele que marca as oscilações do jogo. Não arrisca na profundidade, mas tem a missão de direccionar o jogo, ora pela direita, ora pela esquerda.
O seu trabalho é complementado por Júnior. O melhor marcador da equipa pacense surge várias vezes ao lado de Paulo Sousa para levar o jogo para a frente. Bom executante, Júnior é o responsável pela maior parte dos passes longos efectuados pelo Paços de Ferreira.
Mais à frente, Júnior Bahia surge mais próximo do trio da frente. Tacticamente, algo confuso na equipa, surgiu ainda como médio ala direito na segunda parte quando José Mota apostou num 4x2x4.

Os princípios de jogo do Paços de Ferreira são bastante válidos, mas como em tudo no futebol, estão dependentes da qualidade dos seus executantes. A soma de passes falhados, a intranquilidade da equipa leva a um afunilamento do jogo e à falta de ideias, como rezaram as crónicas no dia seguinte ao jogo.
Contudo, o Paços de Ferreira tem uma equipa com valor, ainda mais quando Edson regressar, mas terá de manter um nível exibicional regular que lhe permita escapar à despromoção.
A principal dificuldade de José Mota será, como ele próprio afirmou depois do jogo, lidar com a "inexperiência da equipa".

Artigo de Rui Silva
Publicado às 10:50


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