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sexta-feira, janeiro 26, 2007

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Reportagem

» De tanto bater o meu coração parou - Parte V



Dois anos depois, o que mudou?

Miklós Fehér morreu em 2004. O que mudou? Em pura verdade, o número de acontecimentos não aumentou, conforme foi explicado por dois especialistas. O que esteve na base desta sensação de aumento por parte da população em geral prendeu-se com a maior cobertura mediática que os meios de comunicação social oferecem a casos como estes. O público ficou apreensivo com a sua saúde, principalmente se praticar desporto. Esta cobertura levou os portugueses a entrarem numa nova era.
A preocupação, o debate sobre os problemas cardíacos, a morte súbita e a fiabilidade dos exames médicos entrou em voga. As pessoas começaram a ter uma atitude mais activa e solicitam cada vez mais consultas com cardiologistas e procuram fazer exames que lhes transmitam segurança, de acordo com a sua saúde cardíaca. Este fenómeno trouxe benefícios imediatos, já que começaram a ser detectados problemas que até então nunca tinham sido procurados, nem sujeitos a exame.

A medicina desportiva e os exames médicos para a aptidão desportiva de cada atleta também sofreu alterações. O exame médico a um jovem amador deixou de ser encarado de forma tão leviana e os clubes e os médicos de família travaram uma batalha pela responsabilidade médica perante o atleta. A desorganização patenteada por parte dos clubes aos jogadores mais jovens foi posta de lado e os clubes começaram a pedir aos atletas para consultarem os médicos de família. No entanto, os médicos de família não queriam assumir a responsabilidade, principalmente num período tão conturbado como no ano de 2004. A maior preocupação com a saúde dos seus praticantes levou à detecção de problemas, como sucedeu com André Simões. O problema foi detectado e corrigido e permitiu ao jovem jogador continuar a praticar um desporto de competição.
Além deste fenómeno, assiste-se a outro complementar que se prende com o aumento de praticantes em ginásios, o que é encarado pelos médicos como um benefício para a saúde dos portugueses, numa altura em que a actividade ao ar livre era cada vez mais preterida relativamente às actividades caseiras.

As instituições desportivas e outras que acolhem eventos desportivos foram pressionadas a aumentar as suas condições de segurança. Várias legislações foram alteradas e, actualmente, a maior parte dos centros de desporto são obrigados a ter o equipamento básico de segurança, como o desfibrilhador.
A morte súbita no desporto é uma realidade notificada em Portugal desde 1973, mas estes casos sempre aconteceram. As estatísticas portuguesas não são superiores relativamente a outros países da Europa e o número não tem vindo a aumentar. A grande diferença para o passado prende-se, exactamente, com a maior atenção que se dá a esses acontecimentos. De Pavão a Fehér, Portugal olha para a morte súbita com grande apreensão e as medidas de prevenção são cada vez maiores. No entanto, nem todas as mortes podem ser evitadas. Os exames médicos são, na opinião dos especialistas, suficientes para abranger a maior parte das deficiências cardíacas possíveis, mas ainda assim há sempre uma margem de risco.
O Dr. Raul Pacheco compara a questão de alguns problemas cardíacos com o aneurisma cerebral. “É preciso ter o bom senso de estabelecer limites para o número de exames, de forma a que se possa prestar um bom serviço à comunidade portuguesa e à comunidade médica. O aneurisma cerebral é de difícil detecção e só é encontrado através de uma angiografia cerebral. No entanto, isso não faz com que se desate a fazer angiografias cerebrais a todas as pessoas”, explica.

Casos como o de Fehér, em que a miocardiopatia hipertrófica apical era de muito difícil detecção, não devem servir para encontrar culpados. O verdadeiro cerne da questão é fazer deste caso um exemplo. A sua morte permitiu a mudança de mentalidade, uma maior segurança e maior prevenção relativamente ao desporto praticado em segurança.
Outra questão que não é de ignorar prende-se com os agentes de risco para a segurança cardíaca. Certos comportamentos de risco como o consumo de drogas, o tabaco, substâncias ergogénicos, produtos dopantes e uso da pílula aumentam o risco de colapso cardíaco perante esforço intenso.
O Dr. Abreu Loureiro estabelece um paralelismo com a campanha anti-tabagista utilizada na Suécia. O médico-cardiologista revela que “como se faz actualmente na Suécia relativamente ao tabaco, a pessoa que se droga, fuma, toma a pílula conjuntamente com outros factores de risco e ainda assim está sujeita a esforço intenso só pode ser burra”.
O factor mais importante relacionado com a mediatização da morte súbita em Portugal nos últimos anos prende-se exactamente com isto. A criação de uma mentalidade própria, em que cada indivíduo deve preocupar-se com o seu estado de saúde e redobrar a atenção para sintomas que possam alertar para algo que possa estar errado.
Ninguém está imune a um colapso cardíaco, quer seja em situações de esforço intenso ou não, como no caso do futebolista húngaro, mas cada um tem a obrigação de estar atento aos sintomas que apresenta e evitar comportamentos de risco.

Artigo de Rui Silva
Publicado às 19:07


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