Mercado: de Cissokho a Jesus

Foto REUTERS PICTURES
+ 2008/2009 acabou há pouco mais de duas semanas e o ponto de situação não pode ser diferente deste: se o mercado internacional está louco, o nacional está estranho. Digo estranho porque não é normal o que se está a passar. Não é normal um lateral-esquerdo render milhões e mais milhões em meio ano, não é normal tanta novela em torno de um treinador que ainda não foi apresentado e já tem tanta responsabilidade em cima dos ombros. Assim como é estranho falar-se outra vez de Nani ou Quaresma, ou como é estranho o Benfica estar disposto a gastar milhões num guarda-redes quando tem dois de Selecção. Há coisas que não percebo. Mas é o que temos.
+ O caso particular de Aly Cissokho assume contornos de "conto de fadas". De um Setúbal sem verbas para nada até um milionário Milan, vão duas ou três grandes exibições ao serviço do clube português com maior projecção lá fora. Agora divide opiniões: os que acham que os rossoneri enfiaram um grande barrete de um lado; os que se congratulam pela venda de um jogador que lhes caiu no goto por outro. Eu fico-me ali pelo meio. Sim, Cissokho pegou de estaca no FC Porto. Mas, quanto a mim, não é o que querem fazer dele. Não será, a curto prazo, o titular da selecção francesa. Em poucas linhas, porque as boas exibições frente ao Manchester não apagam o que de mau fez com o Atlético em Madrid. Acho que Cissokho defende mal. Mas está no campeonato certo. Em Itália, se jogar com regularidade, vai melhorar bastante. Para já, umas arrancadas vigorosas pela esquerda não justificam este alarido todo. Nem tão pouco os 15 milhões.
+ Se o jackpot Cissokho é um dado adquirido, os boatos são mais que muitos e as novelas continuam a não faltar. É Miguel Veloso para o Bolton, é Miguel Veloso para o City, é Andújar a preferir o Catania, é o Sevilha atrás de Lisandro, fala-se outra vez de um Weldon que há uns meses se deixou escapar, há Caicedo para desviar as atenções e até já há quem acredite numa 'florentinada' do Madrid por João Moutinho. O que vale é que a novela Jorge Jesus promete ocupar a actualidade desta terça-feira. Dá para acalmar um pouco. Mas não me tira da cabeça a impressão que Jesus, olhando para os últimos treinadores do Benfica, é o que já carrega a sua cruz mesmo sem ter começado a trabalhar. Terá vida mais complicada que Santos ou Quique, mesmo que venha a ter melhores soluções e melhor plantel. Depois me dirão.
+ Com tanto tema de conversa, ia-me esquecendo de quem trabalha bem na sombra. Fala-se que o Braga, que deverá ser de Domingos Paciência, anda de olho em Carlão, revelação da U.Leiria. E já viram o Nacional? Numa semana, acertaram com Anselmo (E.Amadora), Ruben (Leixões) e Miguel Pedro (Académica). E Rui Alves ainda não foi ao Brasil fazer aqueles negócios que só ele consegue... Depois queixem-se que o 'machadês' entra de vez na gíria do futebol.