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quinta-feira, julho 30, 2009

Não Twente isto em casa

Moutinho e o Sporting baquearam frente ao Twente
Foto ASSOCIATED PRESS

+ Não vi; só espreitei um pequeno resumo que passou há pouco. Ando alheado destas lides e, esta época, ainda só tive oportunidade de ver o Sporting na apresentação contra o Feyenoord. Julgo que foi o suficiente para ficar a conhecer, de grosso modo, o que será o Sporting 2009/2010. Pelo que me contam do que foi o jogo, o nulo, em casa, com um Twente em inferioridade numérica durante uma hora, até acaba por não me surpreender. É mais do mesmo. Apesar de tudo, acho que ainda há fortes possibilidades de apuramento. Mas como disse no início: não vi. Por isso comentem vocês.

# Artigo de Da Rocha
Publicado às 01:17


terça-feira, julho 28, 2009

Tour de France de 'A' a 'Z'

Hushovd, Andy Schleck, Pellizotti e Contador foram os grandes vencedores
Fotos GETTYIMAGES, REUTERS, ASSOCIATED PRESS

A de Alberto Contador. Aos vinte e seis anos, o espanhol já soma quatro grandes voltas no seu currículo: o Giro e a Vuelta de 2008 e os Tours de 2007 e 2009. Da sua capacidade como trepador, há muito que já não havia dúvidas mas a Volta a França deste ano confirmou a sua transformação num ciclista completo, capaz de fazer a diferença tanto nas montanhas como no contra-relógio. Numa prova difícil pelo ambiente no seio da Astana, a imagem que fica é a dos seus ataques explosivos em Arcalis e no Verbier, quando chegou à camisola amarela – enquanto os outros sofriam, a ligeireza de Contador era tal que até parecia fácil subir aquelas montanhas…

Contador subiu de amarelo ao pódio dos Campos Elísios pela segunda vez na sua carreira

B de Boonen. O belga continua a não aprender com os próprios erros: após ter ficado afastado do Tour 2008 devido a um controlo positivo para cocaína, a detecção da mesma substância em Abril deste ano obrigou-o a apelar ao Tribunal Superior Francês pelo direito a participar na Volta a França 2009. Tom Boonen (Quick Step) acabou por ser autorizado a entrar na corrida mas foi uma prestação que terminou sem honra ou glória com a sua desistência à 15ª etapa da prova. A imagem que fica é, talvez, a da sua queda em Barcelona, novamente atraiçoado por uma… linha branca.

C de Contra-Relógios. Os contra-relógios individuais continuam a ser decisivos para a atribuição da camisola amarela final: segundo no Mónaco, a dezoito segundos de Cancellara, e primeiro em Annecy, Alberto Contador ganhou tempo a todos os seus adversários nesta disciplina, beneficiando ainda da brilhante prestação da Astana no regressado contra-relógio por equipas. Esperemos que Andy Schleck possa seguir o exemplo de evolução na disciplina por parte de Contador e, assim, tornar-se num ciclista completo capaz de desafiar o espanhol em anos futuros.

D de Derrotados. Dos candidatos iniciais ao pódio, três foram autênticas desilusões: o vencedor do ano passado, Carlos Sastre (Cérvelo), nunca conseguiu seguir os melhores e descarregou as suas frustrações na imprensa; Cadel Evans (Silence-Lotto) começou a perder o seu Tour no contra-relógio por equipas e só teve capacidade para esboçar uns tímidos ataques nos Pirenéus, com Jurgen van den Broek a ameaçar o seu estatuto de líder da equipa; e, por fim, Denis Menchov (Rabobank), vencedor do Giro deste ano, só foi destaque pelas quedas que sofreu. No final, foram 17º, 30º e 51º classificados, respectivamente.

O comboio da Astana esteve bem oleado na estrada

E de Equipa. Nem a falta de harmonia interna impediu a Astana de vencer o contra-relógio e a classificação por equipas do Tour – e a verdade é que, enquanto no hotel as coisas corriam pelo pior, nunca a equipa de Johan Bruyneel fraquejou na estrada. Também em destaque estiveram a Team Columbia e a Liquigas: a primeira impressionou, etapa após etapa, pelo ‘comboio’ perfeito para o sprint de Mark Cavendish; a segunda evidenciou-se pelos valores individuais, com Franco Pellizotti a brilhar nas montanhas e dois jovens – Vicenzo Nibali e Roman Kreuziger – a terminarem no top ten da classificação geral.

F de Fugas. Em dezoito etapas em linha, metade resultaram em vitórias de ciclistas em fuga: Thomas Voeckler (Bouygues Telecom), Brice Feillu (Agritubel), Luis Léon-Sánchez (Caisse d’Épargne), Pierrick Fédrigo (Bouygues Telecom), Nicki Sorensen (Team Saxo Bank), Heinrich Haussler (Cérvelo), Serguei Ivanov (Team Katusha), Mikel Astarloza (Euskaltel-Euskadi) e Juan Manuel Gárate (Rabobank) foram todos heróis por um dia nesta Volta a França.

G de Gárate. Com tantos ciclistas vidrados numa vitória no Ventoux, o vencedor acabou por ser uma surpresa: Juan Manuel Gárate bateu o seu companheiro de fuga Tony Martin nos metros finais da 20ª etapa e, com o seu triunfo inesperado, ‘salvou’ a Volta até então para esquecer da Rabobank. Na entrevista após a etapa, o espanhol dizia ter sonhado com a vitória; e o facto é que conseguiu inscrever o seu nome na lista dos conquistadores do “Gigante da Provença”.

Hushovd ganhou a camisola verde... nas montanhas

H de Hushovd. Pela segunda vez na sua carreira, o sprinter norueguês subiu ao pódio dos Campos Elísios para receber a camisola verde. Venceu apenas uma etapa, na chegada a Barcelona; mas as impressionantes incursões nas montanhas das 8ª e 17ª etapas em busca dos pontos dos sprints intermédios justificam em pleno a conquista da classificação da regularidade. Perante a supremacia de Cavendish nas chegadas ao sprint com pelotão compacto, a experiência e sagacidade de Hushovd constituíram os antídotos perfeitos contra o domínio do inglês.

I de Irmãos Schleck. O mais novo, Andy, foi o único que conseguiu acompanhar Alberto Contador na montanha e viu o seu esforço recompensado com um mais que justo segundo lugar. Já Frank acabou por falhar o pódio – terminou no quinto posto da geral – mas, em compensação, conquistou a 17ª do Tour, cortesia de Alberto Contador e Andy, que preferiu dar a segunda vitória na Volta a França ao irmão em vez de ele próprio se estrear em triunfos em etapas. A união e o entendimento perfeito dos Schlecks prometem voltar a fazer estragos já no próximo ano…

Dupla perfeita: Andy venceu a camisola da juventude, Frank conquistou uma etapa

J de Juventude. Pelo segundo ano consecutivo, Andy Schleck foi o grande vencedor da camisola branca. Contudo, mais jovens estiveram em destaque no Tour 2009: os sétimo e nono lugares finais de Vicenzo Nibali e Roman Kreuziger assinalam a emergência de uma nova geração de grandes ciclistas enquanto Mark Cavendish e Tony Martin deram nas vistas por razões distintas – o primeiro confirmou o seu estatuto de melhor sprinter da actualidade enquanto o segundo deu um grande exemplo de combatividade no Ventoux, assumindo-se como um candidato a vitórias em etapas futuras.

K de Katusha. Presente na Volta a França a convite da organização, a equipa russa fez boa figura graças à vitória de Serguei Ivanov na 14ª etapa e ao nono posto final na classificação por equipas. Tendo em conta as prestações bem inferiores de equipas do Pro Tour como a Milram ou a Quick Step, a Katusha justificou em pleno a presença na prova-rainha do ciclismo mundial.

Foi bom ver Armstrong de regresso a alto nível

L de Lance Armstrong. O regresso do ‘Boss’ é a prova absoluta que “velhos são os trapos”: após três anos de afastamento da competição, Lance Armstrong terminou o Tour no pódio fazendo uso da sua experiência de ‘raposa velha’, ficando logo atrás de dois ciclistas com menos dez anos. Se, em certos momentos, ‘desiludiu’ ao não conseguir seguir na roda dos mais fortes, foi simplesmente porque nos deixou mal habituados ao longo das suas sete vitórias – e, mesmo assim, ainda houve arranques a fazer lembrar o Lance dos bons velhos tempos e aqueles célebres vinte centésimos de segundo de diferença para Cancellara após o contra-relógio por equipas que o impediram de voltar a envergar a 'maillot jaune'. Contudo, a maior vitória do norte-americano aconteceu fora da estrada: anteriormente odiado pelo público e imprensa francesa, Lance Armstrong conquistou um “Chapeau le Texan” como manchete do L’Équipe do último domingo, revelador da nova empatia gerada entre o heptacampeão e o público da casa. Por tudo isto, o anúncio da sua intenção de participar na Volta a França do próximo ano com a Team Radio Shack representa, sem dúvida, um bom prenúncio para o Tour de 2010.

M de Mark Cavendish. Pode ter perdido a camisola verde devido à desclassificação na 13ª etapa mas as suas seis vitórias ao sprint só encontram paralelo nas prestações de Charles Pelissier e René le Greves na longínqua década de trinta. Frequentemente descrito como arrogante, o britânico, porém, nunca se esqueceu de agradecer à equipa – e, agora que já sabe que consegue passar as montanhas do Tour, tem tudo para dominar a classificação por pontos das próximas edições da Volta a França.

Cavendish é, sem dúvida, o melhor sprinter da actualidade

N de Nocentini. O ciclista italiano da Ag2r chegou à liderança da prova na sequência de uma fuga na sétima etapa, que lhe deu o quarto lugar na chegada a Arcalis. No balanço final do Tour, Rinaldo Nocentini junta ao inesperado 14º posto da classificação geral o facto de ter sido o homem que mais dias envergou a camisola amarela: a sua boa prestação nos Pirenéus permitiu-lhe conservar a liderança durante um total de oito etapas, até à primeira jornada nos Alpes.

O de Orgulho. Como que a compensar a ausência de portugueses no ano passado, este ano foi um orgulho ver dois representantes das cores nacionais a participar no Tour. Sérgio Paulinho destacou-se pelo trabalho excepcional em prol da Astana e, se dúvidas havia, o brinde especial com Contador na última etapa constitui um testemunho da sua importância para a vitória do espanhol. No final, a 35ª posição na classificação geral assume-se como um motivo de satisfação pessoal, já que supera largamente o 65º posto de 2007. Quanto a Rui Costa (Caisse d’Épargne), o abandono forçado após uma queda na décima primeira etapa representou apenas o último episódio de uma sequência de azares – contudo, o jovem português saberá valorizar o que de bom recolheu desta experiência e esperamos voltar a vê-lo brilhar na maior prova velocipédica do mundo já no próximo ano.

Sérgio Paulinho brindou com Contador e Armstrong na última etapa

P de Pellizotti. Terceiro classificado no Giro d’Itália 2009 – e prestes a ser promovido ao segundo lugar após o teste positivo de Danilo di Luca -, o ciclista da Liquigas esteve em grande neste Tour, não dando hipóteses a Egoi Martinez (Euskaltel-Euskadi) na luta pela camisola de montanha. Distinguido com o prémio da combatividade na 9ª e 16ª etapas da prova, Pellizotti foi ainda eleito como o ciclista mais combativo da Volta a França 2009, assinando uma exibição memorável ao longo destas três semanas.

Pellizotti não teve rival à altura na luta pela camisola às bolinhas vermelhas

Q de Quezílias. Durante toda a Volta a França, a difícil convivência na Astana nunca foi segredo – basta lembrar as críticas de Armstrong, Leipheimer e Bruyneel a Contador quando um ataque deste deixou Klöden apeado – mas, agora que o Tour acabou, as disputas começam a chegar a público. Sérgio Paulinho escrevia anteontem no seu diário para a Eurosport que o aspecto mais negativo fora o ambiente na equipa. Ontem, no regresso a Madrid, Contador criticou abertamente Armstrong, negando qualquer tipo de admiração pelo norte-americano. O ‘Boss’ não se deixou ficar e, via Twitter, respondeu que o ‘pistolero’ ainda tem muito que aprender. Se a agressividade deste duelo de palavras passar para a estrada, o Tour do próximo ano promete pegar fogo…

R de Rádio. As experiências da organização da Volta a França não poderiam ter corrido pior: a proibição do uso de rádios na décima etapa resultou numa jornada de protesto do pelotão, disputada em ritmo muito lento, que acabou por conduzir ao levantamento de igual restrição para a décima terceira etapa. A discussão em torno dos benefícios do rádio para o ciclismo ainda não terminou mas os ciclistas deixaram bem claro que o Tour não é o lugar indicado para este tipo de experiências.

S de 'Spartacus', o nome por que é conhecido no pelotão Fabian Cancellara (Team Saxo Bank). O campeão olímpico do contra-relógio mostrou as suas credenciais no Mónaco e, em consequência, foi o primeiro ciclista a vestir a camisola amarela no Tour 2009. O segundo lugar no contra-relógio de Annecy pode ter ficado aquém dos seus objectivos pessoais mas ‘Spartacus’ continua a ser um dos favoritos do público por momentos como a espantosa descida na sétima etapa, no último dos seus seis dias como líder.

Cancellara andou de amarelo durante seis dias

T de 'Trois'. Antes do início da Volta a França dizia-se que o ciclismo francês estava em crise mas o saldo de três vitórias em etapas – Voeckler à quinta, Feillu na sétima e Fédrigo na nona – constitui, sem dúvida, um dos seus melhores registos da última década. O décimo lugar final de Christian Le Mével (FDJ) foi a cereja no topo do bolo para o público da casa.

U de Uran. Longe vão os anos em que os ciclistas colombianos brilhavam nas montanhas da Volta a França: este ano, Rigoberto Uran (Caisse d’Épargne), o 52º classificado na chegada a Paris, foi o melhor representante da Colômbia, superando Leonardo Duque (Cofidis) num Tour sem história para o ciclismo deste país da América do Sul.

V de Voigt. Todos os anos há uma queda que marca a Volta a França – desta vez, a ‘fava’ saiu ao veterano Jens Voigt (Team Saxo Bank), que mergulhou contra o asfalto na 16ª etapa e ainda esteve a centímetros de ser atropelado por uma das motas de acompanhamento da prova. As imagens falam por si…

W de Wiggins. Provavelmente a maior revelação do Tour 2009, Bradley Wiggins terminou a prova no quarto posto, a uns meros trinta e sete segundos de Lance Armstrong. O ciclista da Garmin concretizou a sua transformação de especialista de contra-relógios para um trepador competente e tem agora aspirações legítimas a um pódio – ou, quem sabe, a uma vitória – nas próximas edições da Volta a França.

Wiggins ainda ameaçou o pódio de Lance Armstrong

X de Xeque-Mate. Num Tour atípico, a acção nunca passou por ‘aquele’ momento decisivo, com a classificação final a resultar antes de uma soma de pequenos ataques. Contador começou a marcar terreno em Arcalis, esperou o Verbier para chegar à camisola amarela e confirmou a vitória no contra-relógio individual de Annecy. A estratégia de ataque total do espanhol foi notável mas Lance Armstrong também merece uma referência pelo modo como converteu a sua experiência em quarenta e cinco segundos determinantes para o terceiro lugar final. Ciclismo e xadrez não são desportos tão distantes quanto parecem à primeira vista…

Y de Yauheni Hutarovich. O nome pode ser desconhecido mas este sprinter bielorrusso fica para a história como o lanterna-vermelha da Volta a França 2009, tendo alcançado Paris na 156ª posição a 4h16’27’’ do vencedor. Contudo, o ciclista da Française des Jeux ainda teve que enfrentar a competição feroz de Kenny Van Hummel (Skil-Shimano) por esta ‘distinção’, com o holandês a acabar por desistir na 16ª etapa, quando era já uma verdadeira estrela por ser dos últimos classificados quase todos os dias.

Z de Zzzzz.... O Tour deste ano teve mais público na estrada, em grande parte devido à curiosidade em torno do regresso de Armstrong – até Christian Prudhomme reconheceu o impacto mediático do norte-americano. Contudo, numa análise a frio, e sem desvalorizar as grandes prestações de Contador, Andy Schleck, o próprio Armstrong ou ainda Mark Cavendish, a Volta a França deste ano esteve boa para… dormir. Nas montanhas, apenas Contador foi verdadeiramente capaz de atacar; nas etapas em plano, a atitude do pelotão foi frequentemente passiva e Cavendish nunca teve rival à altura; e, acima de tudo, o percurso da prova não exponenciou a competição. O Tourmalet a setenta quilómetros da meta foi, sem dúvida, o maior erro da organização mas a própria etapa do Mont Ventoux defraudou as expectativas – três semanas de espera transformaram-se numa subida sem história porque o Tour já estava praticamente decidido. Agora resta desejar que a Volta a França do próximo ano possa corresponder na estrada ao entusiasmo dos fãs de todo o mundo…

# Artigo de Livre Indirecto
Publicado às 12:20


domingo, julho 26, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 21

» Cavendish conquista os Campos Elísios, Contador celebra segunda vitória


Foto REUTERS

+ Três semanas e vinte e uma etapas depois, a Volta a França terminou hoje nos Campos Elísios com mais um triunfo ao sprint de Mark Cavendish (Team Columbia) e a habitual consagração dos vencedores com o Arco do Triunfo em plano de fundo.

+ O percurso do dia ligava Montereau-Fault-Yvone ao circuito final no centro de Paris mas, como já é tradição das últimas etapas, a competição teve início apenas na chegada aos Campos Elísios. Até aí, houve tempo para tudo, desde pôr a conversa em dia no pelotão até celebrar com champanhe ou ainda tirar fotografias com o telemóvel. A entrada no circuito montado na capital francesa, contudo, lançou a luta pela última vitória na presente Volta a França, com a formação quase imediata de uma pequena fuga. O pelotão controlou sempre a desvantagem e, nos quilómetros finais, estava visto que teríamos a esperada chegada ao sprint com pelotão compacto. O comboio da Team Columbia esteve novamente extraordinário no desempenho do seu trabalho em prol de Mark Cavendish e, com Thor Hushovd (Cérvelo) e Tyler Farrar (Garmin) tapados por uma má abordagem da Garmin à curva final, o ciclista britânico ganhou a sua sexta etapa no Tour 2009 com metros de avanço sobre Mark Renshaw, seu colega de equipa e lançador. Ainda que não suficiente para usurpar a camisola verde a Hushovd, o sprint vitorioso de Cavendish permitiu-lhe, ainda assim, experimentar o pódio de Paris pela primeira vez - e ninguém estranhará se para o ano o voltarmos a ver ali, então sim com a camisola verde.

+ Sem percalços de última hora, Alberto Contador (Astana) confirmou a adição do segundo Tour ao seu currículo e, no momento do discurso, voltou a enfatizar as dificuldades internas à equipa como um factor de valorização desta vitória. Andy Schleck (Team Saxo Bank) - vencedor da camisola branca, da juventude - e o mítico Lance Armstrong (Astana) ladearam o espanhol no pódio final desta Volta a França 2009 para a imagem para a posteridade. Recordando o restante top ten, Bradley Wiggins (Garmin) terminou num excelente quarto lugar, logo seguido por Frank Schleck (Team Saxo Bank) e Andréas Klöden (Astana). Vicenzo Nibali (Liquigas), o segundo classificado da juventude, foi sétimo na geral deste Tour, enquanto Christian Vande Velde (Garmin) fechou uma prestação regular com o oitavo lugar. Na nona posição terminou mais um ciclista da classificação jovem, Roman Kreuziger (Liquigas), e, por fim, o francês Christian Le Mevel (FDJ) fecha os dez primeiros do Tour 2009. Como já foi referido, Thor Hushovd foi o vencedor da classificação dos pontos enquanto Franco Pellizotti subiu ao pódio por duas vezes: a primeira, para vestir a camisola da montanha e, a segunda, para receber o prémio de super-combativo pelos seus ataques em etapas de montanha.

+ Sérgio Paulinho (Astana) terminou o dia na 98ª posição, logo atrás de Contador, e confirmou o 35º lugar final na classificação geral, melhorando o seu registo de 2007 (65º classificado nessa Volta a França). Alberto Contador fez questão de brindar com o português ainda na etapa em reconhecimento do seu trabalho e da sua lealdade mas o maior prémio para Sérgio Paulinho foi a subida ao pódio parisiense pela vitória da Astana na classificação por equipas. Apesar da falta de harmonia, a equipa de origem cazaque conseguiu manter a união e terminou a prova com mais de vinte minutos de vantagem sobre a Garmin e a Team Saxo Bank, segunda e terceira classificadas, respectivamente.

+ Em jeito de balanço final, há quatro aspectos que merecem destaque. Em primeiro lugar, a clara superioridade de Alberto Contador - por tudo o que fez, não haveria vencedor mais justo. O triunfo do espanhol mas também as excelentes prestações de Andy Schleck, Vicenzo Nibali, Roman Kreuziger e Mark Cavendish chamam a atenção para o segundo aspecto em destaque: a emergência de uma nova geração de ciclistas, jovens, talentosos e sagazes. Com valores destes, o futuro do ciclismo está certamente assegurado. Em terceiro lugar, e, de algum modo, por oposição, o fantástico regresso do veterano Lance Armstrong, que soube compensar a fraqueza de alguns momentos com uma enorme experiência conquistada ao longo das suas sete vitórias no Tour. Mais do que isso, a presença do norte-americano na Volta a França foi extremamente positiva para a própria prova, que encontrou neste regresso a oportunidade ideal para recuperar a mística desgastada pelos escândalos de doping dos últimos anos. Por fim, a questão do doping constitui exactamente o quarto factor que merece destaque: pela primeira vez em anos, não se registou nenhum controlo positivo durante a prova. Contudo, tal não implica que, daqui a dias ou semanas ou até meses não surjam, mais uma vez, péssimas notícias sobre este tema - basta pensar no recente caso de Danilo di Luca, 'segundo' classificado no Giro deste ano. Entretanto, o escândalo poderá começar pelo Tour 2008, com o anúncio de novos testes às amostras recolhidas no ano passado. Com tantas más lembranças dos últimos anos, é impossível não temer novos casos positivos... Para já, porém, deve-se ignorar os rumores e as suspeições e desfrutar antes da memória de mais três semanas fantásticas da prova-rainha do ciclismo mundial - a Volta a França.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 18:43



Fórmula 1: GP Hungria

» Hamilton regressa às vitórias em fim-de-semana marcado pelo acidente de Massa


Foto Reuters

+ Hoje, no circuito de Hungaroring, o pódio da Fórmula 1 voltou ao 'normal': depois de meses de domínio repartido entre a Brawn GP e a Red Bull - duas equipas sem tradição na modalidade -, Lewis Hamilton e Kimi Räikkönen voltaram a colocar a McLaren-Mercedes e a Ferrari nos lugares mais altos do pódio. Embora beneficiando de alguns azares por parte dos seus adversários, Hamilton foi um justo vencedor da prova, pondo fim à verdadeira 'travessia do deserto' em que se estava a transformar a sua época.

+ O fim-de-semana em Budapeste ficou, contudo, manchado pelo grave acidente de Felipe Massa (Ferrari) na qualificação de ontem. No final da segunda manga de qualificação, o capacete do piloto brasileiro foi atingido por uma mola que se soltara do Brawn de Rubens Barrichello; inconsciente ou, pelo menos, muito atordoado, Massa saiu de pista e bateu a grande velocidade contra uma parede de pneus. O piloto da Ferrari acabou por ser transferido de helicóptero para um hospital na capital húngara, onde foi operado a uma fractura no crânio. Felipe Massa encontra-se numa situação estável, aparentemente sem lesões cerebrais, embora permaneça num coma induzido.

+ Depois dos minutos de angústia antes de se saberem notícias sobre o estado de saúde do brasileiro, a terceira manga de qualificação acabou por gerar um momento inesperado de humor: uma falha no sistema de cronometragem da FIA deixou os pilotos sem informação sobre a atribuição da pole position, obrigando-os a comparar os tempos para tentar perceber a situação de saída para a corrida. A recuperação do sistema confirmou Fernando Alonso (Renault) como o primeiro na grelha de partida para a corrida, à frente dos Red Bull de Sebastian Vettel e de Mark Webber. Se o bicampeão espanhol largou sem problemas, Vettel ficou com a corrida estragada logo na primeira curva, onde sofreu um toque do Ferrari do Räikkönen. O carro do finlandês não sofreu qualquer dano significativo mas Vettel acabou por abandonar algumas voltas depois. Entretanto, Fernando Alonso também já desistira devido a um problema na fixação da roda direita aquando do primeiro abastecimento, que se traduziria na perda da roda logo na volta de reentrada em pista. Hamilton, que ultrapassara Mark Webber graças ao KERS logo na quinta volta do Grande Prémio, assumiu, assim, a liderança da corrida e daí não mais saiu. O piloto britânico foi o primeiro a ver a bandeira de xadrez, com Räikkönen a conseguir o seu melhor resultado da época com o segundo posto e Mark Webber completar o pódio na terceira posição. Nico Rosberg (Williams) foi o quarto classificado, Heikki Kovalainen (McLaren-Mercedes) foi quinto e Timo Glöck (Toyota) o sexto. O líder do campeonato, Jenson Button (Brawn GP), minimizou as perdas com o sétimo posto final, enquanto Jarno Trulli (Toyota) fechou os lugares pontuáveis.

+ No mundial de pilotos, Button conserva a liderança mas tem agora 'apenas' 18,5 pontos de vantagem sobre Mark Webber, o novo segundo classificado. Vettel caiu para o terceiro posto, a 23 pontos do líder, enquanto Rubens Barrichello segue na quarta posição, a 26 do seu colega de equipa. Quanto ao mundial de construtores, a principal notícia é a aproximação da Red Bull à Brawn, que conserva o primeiro posto com 15,5 pontos de vantagem sobre a sua rival. Em virtude do bom resultado de Räikkönen no dia de hoje, a Ferrari ascendeu agora ao terceiro lugar da tabela de construtores, relegando a Toyota para o quarto posto.

+ No próximo dia 23 de Agosto, a Fórmula 1 regressa com o Grande Prémio da Europa em Valência (Espanha). Com a Brawn em queda, a Red Bull com alguma tendência para os azares e McLaren-Mercedes e Ferrari a melhorar, será certamente uma prova interessante, sem vencedor à partida. Até lá, esperar-se-ão mais novidades sobre o estado de saúde de Felipe Massa e também sobre o seu substituto nas próximas corridas.


» FÓRMULA 1: Classificações

GP Hungria
Mundial de Pilotos
Mundial de Construtores


# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 16:42


sábado, julho 25, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 20

» Gárate conquista o Mont Ventoux, Contador assegura vitória no Tour


Foto REUTERS

+ À semelhança da última passagem do Tour pelo Mont Ventoux - em 2002, com a vitória de Richard Virenque sobre Alexandre Botcharov -, a vitória na etapa de hoje foi disputada por dois ciclistas com mais de 150 km de fuga nas pernas: no 'sprint' final, desta feita foi Juan Manuel Gárate (Rabobank) a superar por três segundos o jovem Tony Martin (Team Columbia), novamente em destaque após o excelente trabalho em favor de Mark Cavendish na etapa de ontem. Contudo, apesar da excelente prestação desta dupla no dia de hoje, o maior destaque vai para a confirmação de Alberto Contador (Astana), Andy Schleck (Team Saxo Bank) e Lance Armstrong (Astana) como os ciclistas que amanhã subirão ao desejado pódio de Paris, salvo qualquer azar de última hora.

+ No que diz respeito à etapa propriamente dita, a jornada de hoje acabou por ficar um pouco aquém das elevadas expectativas geradas ao longo de três semanas de prova. Ainda assim, os 167 km entre Montélimar e o topo do Mont Ventoux estiveram longe de ser desinteressantes, com várias lutas a animar o decorrer da etapa. A fuga do dia formou-se antes de se cumprirem os primeiros dez quilómetros da etapa, com Gárate e Tony Martin a integrarem o grupo de dezasseis ciclistas que escapou ao pelotão. A pouco mais de trinta quilómetros do fim e já com o grupo da frente a sofrer as consequências do desgate, a Astana assumiu o comando do pelotão e, aproveitando o vento lateral, criou cortes no grupo principal, deixando ciclistas como Cadel Evans (Silence-Lotto) e Carlos Sastre (Cérvelo) definitivamente sem hipóteses de salvar um mau Tour com um triunfo de última hora no Ventoux. Perante a recuperação de terreno por parte do pelotão principal, Tony Martin, Juan Manuel Gárate e Christophe Riblon (Ag2r) decidiram partir sozinhos em busca da vitória na etapa, com o francês a descolar já na longa subida para a meta. Mais atrás, a intensificação do ritmo e as dificuldades da ascensão ao Mont Ventoux produziam um processo de eliminação natural no pelotão, com os primeiros sete classificados da geral a conseguirem permanecer juntos. Num jogo quase de marcação individual, Alberto Contador respondia aos ataques de Andy Schleck enquanto Lance Armstrong seguia especialmente atento à roda de Frank Schlek (Team Saxo Bank). Enquanto o mais velho dos Schleck não demonstrava capacidade para lançar um verdadeiro ataque ao lugar mais baixo do pódio, os outros interessados -Bradley Wiggins (Garmin), Andréas Klöden (Astana) e Vincenzo Nibali (Liquigas) - começavam a ficar para trás. Com o grupo dos favoritos cada vez mais próximo, Gárate e Martin continuavam a perseguir o sonho de vencer esta etapa mítica - e, se o triunfo sorriu ao espanhol, o ciclista da Team Columbia também não saiu de mãos a abanar, recebendo o prémio de combatividade do dia por nunca ter desistido da luta, mesmo quando descolou momentaneamente de Gárate a um quilómetro da meta. Andy Schleck e Alberto Contador foram, respectivamente, os terceiro e quarto classificados a cruzar a meta, a 38'' do vencedor, enquanto Armstrong terminou no quinto posto, com quarenta e um segundos de atraso para Gárate e dois de vantagem sobre Frank Schleck.

+ Na classificação geral, Alberto Contador deverá celebrar amanhã a sua segunda vitória na Volta a França com 4'11'' de vantagem sobre o camisola branca Andy Schleck e 5'24'' sobre o heptacampeão Lance Armstrong. Talvez a maior surpresa do Tour 2009, Bradley Wiggins - décimo na etapa, a 1'03'' do vencedor - conseguiu segurar o quarto lugar na geral com apenas três segundos de diferença para o quinto classificado, Frank Schleck. Andréas Klöden foi apenas décimo segundo na etapa, com 1'42'' de perda, e caiu assim para o sexto posto, a 6'42'' de Contador. Nibali manteve, tal como esperado, a sétima posição, com Christian Vande Velde (Garmin) a terminar no oitavo posto, a 12'04''. Se a luta pelo pódio pode ter sido desapontante, o mesmo não se poderá dizer da disputa pela entrada no top ten: Roman Kreuziger (Liquigas) registou o sétimo tempo na etapa e conseguiu subir à nona posição da classificação geral, empurrando Christophe Le Mevel (FDJ) para o décimo lugar e deixando Mikel Astarloza (Euskaltel-Euskadi) de fora dos primeiros dez classificados por menos de vinte segundos de diferença. O rei das montanhas, Franco Pellizotti (Liquigas), somou uns últimos pontos para a camisola às bolinhas vermelhas graças ao oitavo lugar na chegada ao topo do Mont Ventoux enquanto o camisola verde, Thor Hushovd (Cérvelo), e o melhor sprinter da prova, Mark Cavendish, esqueceram por instantes a sua luta pessoal e ofereceram um momento engraçado ao simularem um sprint na chegada à meta... mais de vinte e cinco minutos depois do vencedor. O norueguês tem vinte e cinco pontos de vantagem sobre Cavendish na classificação da camisola verde e só um desastre o impedirá de subir ao pódio de Paris pela segunda vez na sua carreira - contudo, Cavendish ainda não é uma carta fora do baralho e, no mínimo, tentará amanhã somar a sua sexta vitória no presente Tour.

+ O português da equipa Astana, Sérgio Paulinho, foi hoje o 52º classificado na etapa, a 7'52'' de Gárate, depois do primeiro ataque de Andy Schleck o ter deixado sem condições para continuar o trabalho que até aí desempenhara a favor de Contador, Armstrong e Klöden. O ciclista português mantém-se assim na 35ª posição da geral, precisamente a cinquenta e quatro minutos de Alberto Contador.

+ Amanhã será o dia da já tradicional etapa de consagração com fim em Paris. O percurso terá um total de 164 km e ligará Montereau-Fault-Yvone aos Campos Elísios, na capital francesa, onde os sobreviventes destas três semanas de prova cumprirão nove voltas ao circuito. Se é verdade que esta vigésima primeira etapa do Tour 2009 já pouco ou nada decidirá, amanhã veremos não só Alberto Contador consagrado como o grande vencedor da Volta a França mas também o regresso de Armstrong ao pódio de Paris quatro anos depois - poderá ser mais baixo do que o habitual mas este terceiro lugar terá certamente sabor a vitória para o americano.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 17:39


sexta-feira, julho 24, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 19

» Quinta vitória de Cavendish, dia sem problemas para Contador


Foto REUTERS

+ No domingo, em Paris, será provavelmente Thor Hushovd (Cervélo) a subir ao pódio com a camisola verde mas, se o norueguês a merecerá pela regularidade e esforço, Mark Cavendish (Team Columbia) mereceria igual recompensa pela sua supremacia total nas chegadas ao sprint. Hoje, o ciclista britânico 'fez das tripas coração' na subida de segunda categoria a dezasseis quilómetros da meta para conseguir permanecer no pelotão e, graças a um trabalho extraordinário por parte da sua equipa nos quilómetros finais do dia, pôde conquistar o seu quinto triunfo em etapas na presente Volta a França.

+ Apesar da maioria dos ciclistas já só pensar na subida ao Mont Ventoux de amanhã, a etapa de hoje foi corrida a um ritmo elevado desde a saída do pelotão para a estrada - os 178 km entre Bourgoin-Jallieu e Aubenas acabaram mesmo por percorridos a uma velocidade média superior a 46 km/h. O primeiro grupo que tentou a fuga levava mais de vinte ciclistas mas, com a Rabobank a trabalhar arduamente na frente do pelotão com vista à vitória de Oscar Freire, o último resistente, Leonardo Duque (Cofidis, foi apanhado ainda a trinta quilómetros do fim da etapa. A entrada na contagem de segunda categoria do Col d l'Escrinet permitiu, contudo, que Laurent Lefevre (Bouygues Telecom) e Alessandro Ballan (Lampre) lançassem um último ataque. Sem nunca conseguir elevar a vantagem acima dos quinze segundos, esta fuga tardia morreu na praia ao ser apanhada a apenas um quilómetro do final. A Team Columbia trabalhara tanto para anular a fuga que, em vez do habitual comboio, Cavendish teve apenas Tony Martin para o ajudar no lançamento do sprint - e, mesmo assim, o inglês voltou a ser mais forte do que Thor Hushovd e Gerald Ciolek (Team Milram), respectivamente segundo e terceiro classificados, e conseguiu recompensar o esforço dos seus companheiros com mais uma extraordinária vitória. Numa etapa desfavorável às suas características e após uma semana sob crítica contínua, Mark Cavendish conseguiu ultrapassar as dificuldades graças ao enorme trabalho da Team Columbia e, no fim, derrotou o cansaço acumulado de quase três semanas de prova para somar a sua nona vitória em etapas do Tour, estabelecendo um novo recorde entre os ciclistas ingleses.

+ Ao nível da classificação geral, a camisola amarela continua segura nas mãos de Alberto Contador (Astana), com Andy Schleck (Team Saxo Bank) a manter os mesmos 4'11'' de atraso para o espanhol. Aliás, no top ten do Tour, a etapa de hoje produziu apenas duas pequenas alterações: em primeiro lugar, Lance Armstrong (Astana) voltou a estar no lugar certo à hora certa para ganhar quatro segundos aos seus adversários na sequência de um pequeno corte no pelotão na aproximação à meta, elevando a sua vantagem sobre o quarto classificado, Bradley Wiggins (Garmin), para quinze segundos; em segundo lugar, Christophe Le Mevel (FDJ) e Mikel Astarloza (Euskaltel-Euskadi) inverteram as posições, com o primeiro a ocupar agora o nono posto, com apenas um segundo de vantagem sobre o basco. Em relação às restantes classificações, a camisola branca segue com Andy Schleck, tal como as da montanha e dos pontos continuam na posse de Franco Pellizotti (Liquigas) e Thor Hushovd, respectivamente.

+ Sérgio Paulinho foi o 62º classificado na etapa, a 2'01'' de Cavendish, e subiu agora à 35ª posição, com 46'46'' de atraso em relação ao camisola amarela. O ciclista da Astana será um peça fundamental na estratégia da equipa para a etapa de amanhã e, à semelhança do que tem sido habitual nesta Volta a França, limitou-se a seguir até à meta em ritmo já de recuperação.

+ A etapa de amanhã - a penúltima desta Volta a França 2009 - é certamente a mais aguardada de todas. Os 167 km entre Montélimar e o Mont Ventoux deixarão todas as classificações praticamente decididas e, acima de tudo, poderão trazer muitas reviravoltas de última hora. Para 'aquecer' as pernas ao longo da etapa, os ciclistas terão três contagens de montanha de terceira categoria e uma de quarta - e no fim estará a chegada ao alto no Ventoux, depois de 21,1 km a subir com 7,6% de inclinação média. Com a luta pelo pódio ao rubro, só perderá esta etapa quem não for fã de ciclismo...

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 17:46


quinta-feira, julho 23, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 18

» Vitória no contra-relógio deixa Contador com camisola amarela quase garantida


Foto ASSOCIATED PRESS

+ Depois da etapa de ontem ter trazido grandes alterações ao topo da classificação geral da Volta a França, o contra-relógio de hoje tratou de 'baralhar e dar as cartas' de novo. Se, por um lado, a prestação imperial de Alberto Contador (Astana) deixou a luta pela camisola amarela praticamente sentenciada, por outro, a disputa pelos lugares inferiores do pódio - e, em especial, pelo terceiro posto - segue mais acesa do que nunca. As primeiras duas semanas do Tour podem ter sido parcas em emoções fortes mas, em contrapartida, esta semana final está a ser absolutamente electrizante - e o Mont Ventoux, no sábado, será, provavelmente, a cereja no topo do bolo.

+ A etapa de hoje compreendia um percurso de 40,5 km de extensão em torno do Lago de Annecy, incluindo uma contagem de montanha de terceira categoria. Mikhail Ignatiev (Team Katusha) e, depois, Fabian Cancellara (Team Saxo Bank) saíram cedo para a estrada e estabeleceram os tempos de referência que permaneceriam até ao último ciclista a partir, o camisola amarela Alberto Contador, cruzar a meta. O espanhol contou com um início de contra-relógio muito forte e uma boa subida na contagem de montanha para garantir a sua segunda vitória individual em etapas do Tour 2009 com um tempo de 48'30''. O título de campeão espanhol de contra-relógio já tinha comprovado a enorme evolução de Contador nesta disciplina mas este triunfo na etapa de hoje confirma o camisola amarela do Tour como um ciclista completo, capaz de ganhar tempo tanto nas montanhas como nos contra-relógios. Cancellara ficou assim relegado para o segundo posto, a três segundos do espanhol, enquanto Ignatiev manteve o terceiro melhor registo, com quinze segundos de perda. Entre os que ainda lutam pelo pódio, Bradley Wiggins (Garmin) foi o mais rápido a cumprir o contra-relógio - sexto classificado, a 43'' do vencedor -, enquanto Andréas Klöden (Astana) também conseguiu entrar no top ten do dia, registando o nono tempo, a 54''. Para Lance Armstrong (Astana), o 16º posto na etapa, com 1'30'' de perda, deixa uma sensação simultaneamente de vitória e de derrota: ganhou o tempo suficiente a Frank Schleck (Team Saxo Bank) - 35º, a 2'34'' - para subir ao terceiro posto da geral mas também perdeu tempo para os restantes adversários na luta pelo pódio. O norte-americano até teve um bom registo no primeiro ponto de cronometragem mas foi nítida a quebra de ritmo que a partir daí sentiu - e a prestação menos boa confirma-se especialmente à luz do resultado de Andy Schleck (Team Saxo Bank), que perdeu apenas quinze segundos para Armstrong. Efectivamente, se o heptacampeão do Tour teve uma prestação abaixo do esperado, o resultado de Andy Schleck superou as expectativas - certamente motivado pela vontade de manter o segundo lugar na geral, o luxemburguês foi o 21º classificado e, acima de tudo, conseguiu conservar uma vantagem confortável sobre os mais directos adversários.

+ Na classificação geral, então, a liderança de Alberto Contador saiu reforçada por este contra-relógio individual, elevando a diferença em relação a Andy Schleck para 4'11''. A partir daí, a luta está verdadeiramente ao rubro, com quatro ciclistas separados por pouco mais de meio minuto: Lance Armstrong é terceiro da geral, a 5'25'', Wiggins o quarto, a 5'36'', Klöden o quinto, a 5'38'', e, por fim, Frank Schleck caiu para o sexto posto, a 5'59'' do líder. Quatro galos para um só poleiro garantem um final de Volta a França emocionante - e o segundo lugar de Andy Schleck também ainda não está a salvo... Fora desta luta, contudo, ficou hoje Vicenzo Nibali (Liquigas), que parece ter assentado na sétima posição, a 7'15'' de Contador e com quase três minutos de vantagem sobre Christian Vande Velde (Garmin), o oitavo classificado. Consequentemente, e se nada de estranho se passar, o italiano terá que se contentar com o segundo posto final na classificação da juventude, atrás de Andy Schleck. Quanto às restantes camisolas, Franco Pellizotti (Liquigas) e Thor Hushovd (Cérvelo) conservam, naturalmente, as camisolas de montanha e dos pontos.

+ Em relação a Sérgio Paulinho, o ciclista da Astana terá procurado poupar-se para as etapas que ainda falta cumprir e terminou o dia com o 117º registo, a 5'14'' de Contador. Na geral, contudo, o português caiu apenas duas posições, sendo agora o 37º classificado, a 44'49'' do camisola amarela.

+ A etapa de amanhã ligará Bourgoin-Jallieu a Aubenas através de um percurso com 178 km de extensão. Apesar de estar classificada como plana, a etapa poderá reservar algumas surpresas graças a uma subida de segunda categoria a apenas dezasseis quilómetros da meta. Não só há ciclistas que vêem aqui a sua última oportunidade de salvar a sua Volta a França com uma vitória - os casos de Carlos Sastre (Cérvelo), Cadel Evans (Silence-Lotto) e Denis Menchov (Rabobank), por exemplo, como a situação da luta pelo pódio torna tudo possível...

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 19:44


quarta-feira, julho 22, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 17

» Irmãos Schleck ao ataque, Contador acompanha e mantém a camisola amarela


Foto REUTERS

+ Com apenas quatro etapas para o final, a Volta a França está mais interessante do que nunca: Alberto Contador (Astana) e Andy e Frank Schleck (Team Saxo Bank) estiveram intocáveis nas duas subidas finais do percurso de hoje e ocupam agora as três primeiras posições da classificação geral. Num dia de "sobe e desce" contínuo, os Schleck foram dos primeiros a tentar o ataque mas também souberam seguir na roda de Contador quando este procurou libertar-se da sua companhia a pouco mais de um quilómetro do Col de la Colombiére - a partir daí, o trio seguiu isolado até à meta e, em resultado de um entendimento entre os três, Frank Schleck somou a segunda vitória da carreira em etapas do Tour.

+ O percurso desta décima sétima etapa da Volta a França - 169,5 km entre Bourg-Saint-Maurice e Le Grand-Bornand - começava praticamente com a primeira contagem de montanha do dia. Perante este cenário, e à semelhança de ontem, Franco Pellizotti (Liquigas) foi um dos ciclistas que integrou a fuga constituída nos quilómetros iniciais da etapa, passando no Roselend no primeiro lugar. As duas contagens seguintes - uma de primeira categoria e outra de segunda - tiveram, contudo, um protagonista inesperado: tal como já acontecera na oitava etapa, Thor Hushovd (Cérvelo) voltou a aproveitar uma etapa de montanha para se isolar na frente da corrida e somar os pontos dos sprints intermédios, deixando a camisola verde quase garantida. Como o sprinter não era uma ameaça para Pellizotti, o italiano preocupou-se apenas em passar nas contagens como o primeiro dos perseguidores, de modo a assegurar a vitória virtual na classificação da montanha. Contudo, na luta pela geral da Volta a França, já se sabe que 'o primeiro milho é dos pardais' - e, assim, foi a ascensão ao Col de Romme (penúltima contagem de montanha do dia) que inaugurou a luta entre os favoritos, com Carlos Sastre (Cérvelo) a abrir as hostilidades. No entanto, o vencedor do ano passado acabou por quebrar e, com Frank e Andy Schleck a revezarem-se nos ataques, o grupo da frente não tardou a ficar reduzido aos dois irmãos, Andreas Klöden (Astana) e Contador. Ne perseguição seguiam nomes como Lance Armstrong (Astana), Bradley Wiggins (Garmin), Vicenzo Nibali (Liquigas) e Christian Vande Velde (Garmin) mas o ritmo era demasiado elevado para conseguirem a reaproximação. Já na subida para a Columbière, Contador tentou ele próprio atacar mas a única coisa que conseguiu foi deixar apeado o seu colega de equipa Andreas Klöden - um movimento que já está a suscitar muita polémica na própria equipa Astana, com Contador a afirmar que o alemão lhe teria dado autorização para acelerar. A verdade é que, na altura, deu para perceber que Contador terá ficado surpreendido por Klöden não ter conseguido seguir na sua roda mas, numa equipa já minada por muitos mal-entendidos, este é apenas mais um episódio propício à especulação da imprensa... Até ao final da etapa, o trio da frente procurou nitidamente cavar a maior vantagem possível sobre os adversários e, por fim, na chegada à meta, Contador e Andy entregaram a vitória ao irmão Schleck mais velho. Nibali e Armstrong - que se libertou de Wiggins graças a um ataque na Colombière a fazer lembrar os 'velhos tempos' - foram quarto e quinto classificados na etapa, a 2'18'', com Klöden a alcançar a meta no sexto posto, a 2'27''. Wiggins foi sétimo, com 3'07'' de atraso, enquanto Sastre disse definitivamente adeus a qualquer hipótese de repetir a vitória do ano passado ao terminar o dia na 25ª posição, com uma perda de 7'47''. Contudo, pior ainda do que o espanhol esteve Cadel Evans, com um dia absolutamente para esquecer: foi o 81º classificado na etapa, a quase meia-hora do vencedor...

+ Na classificação geral, Alberto Contador segue como líder indiscutível e, neste momento, salvo algum azar, tem a vitória no Tour praticamente assegurada. O ciclista originário de Madrid tem 2'26'' de vantagem sobre Andy Schleck e 3'25'' sobre Frank Schleck - respectivamente segundo e terceiro classificados - e, à partida, terá um melhor desempenho do que os luxemburgueses no contra-relógio. Armstrong caiu para o quarto posto, a 3'55'' do seu companheiro de equipa, enquanto Andreas Klöden ocupa o quinto lugar da classificação geral, com 4'44'' de atraso. Ainda com boas probabilidades de chegar ao pódio continuam Bradley Wiggins, sexto classificado a 4'53'', e Vicenzo Nibali, sétimo a 5'09''. A liderança da juventude segue entregue a Andy Schleck, enquanto Thor Hushovd e Franco Pellizoti têm a presença no pódio de Paris cada vez mais certa, o primeiro com a camisola verde e o segundo com a de montanha.

+ Em relação a Sérgio Paulinho, o ciclista da Astana voltou a trabalhar sobretudo para a equipa e concluiu a etapa na 57ª posição, a 17'33'' do vencedor. Na geral, o português subiu ao 35º posto, com 39'35'' de perda para Contador.

+ A décima oitava etapa do Tour será disputada amanhã sob a forma de um contra-relógio individual de 40,5 km em torno do Lago de Annecy. De Contador, espera-se um bom registo; de Andy e Frank Schleck, um minizar de estragos numa disciplina que não os favorece; e de Armstrong, Klöden e Wiggins, um esforço de recuperação do tempo perdido. Depois do contra-relógio, ainda haverá o Mont Ventoux no sábado para lançar os últimos ataques mas o dia de amanhã será certamente decisivo para definir as condições em que essa etapa decorrerá.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 22:04


terça-feira, julho 21, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 16

» Triunfo de Astarloza na etapa, Contador segue de amarelo


Foto ASSOCIATED PRESS

+ Embora sem consequências de maior para a classificação geral, a décima sexta etapa da Volta a França ofereceu vários motivos de interesse, sobretudo ao nível das lutas pela classificação geral e pela camisola de montanha. O maior vencedor do dia, contudo, foi Mikel Astarloza, que se libertou dos seus companheiros de fuga a dois quilómetros da meta para quebrar finalmente o jejum de vitórias no Tour da Euskaltel-Euskadi e subir ao 11º posto da geral.

+ A primeira fuga desta etapa - um percurso de 159 km entre Martigny e Bourg-Saint-Maurice - envolveu, porém, um grupo de mais de vinte ciclistas, dos quais cedo se destacaram Egoi Martinez (Euskaltel-Euskadi), Franco Pellizotti (Liquigas) e Vladimir Karpets (Team Katusha). No entanto, o ciclista basco acabou por ceder na subida de categoria especial ao Col du Grand Saint-Bernard e deixou Pellizotti à vontade para reforçar a sua liderança na classificação de montanha. À entrada para a segunda contagem de montanha do dia - o Col du Petit Saint-Bernard, de primeira categoria - o grupo de perseguidores já tinha absorvido o duo da frente mas, ainda assim, Pellizotti voltou a ser o primeiro a alcançar o cume da subida. Se na fuga tudo seguia mais ou menos calmo, no pelotão principal, pelo contrário, assitia-se ao ataque dos irmãos Schleck (Team Saxo Bank). O camisola amarela, Alberto Contador (Astana), não teve dificuldades em responder mas Lance Armstrong (Astana), Carlos Sastre (Cérvelo) e Cadel Evans (Silence-Lotto) ficaram para trás. Depois de terem estado já com mais de meio minuto de atraso e num esforço notável, o norte-americano e o espanhol conseguiram reentrar no grupo de Contador ainda na subida; Cadel Evans, por outro lado, não conseguiu recuperar e acabou relegado para um grupo mais atrasado na companhia de Frank Schleck, com o luxemburguês a sentir as consequências do trabalho para o seu irmão. Na descida tortuosa até à meta, tanto os ciclistas escapados como os favoritos ao pódio final da prova seguiram, felizmente, sem problemas - Jens Voigt, o veterano da Team Saxo Bank, já não poderá dizer o mesmo, tendo sido transportado para o hospital após uma queda violenta. Entretanto, com a fuga reduzida a oito elementos, Astarloza decidiu evitar a discussão da vitória ao sprint e isolou-se a dois quilómetros da meta, vencendo a etapa com seis segundos de vantagem sobre o grupo de perseguidores no qual Sandy Casar (FDJ) e Pierrick Frédigo (Bouygues Telecom) foram os primeiros a cruzar a linha de chegada. O grupo dos principais favoritos concluiu a etapa 59'' depois do vencedor, com Contador, Armstrong, Bradley Wiggins (Garmin), Andreas Klöden (Astana), Andy Schleck, Vicenzo Nibali (Liquigas) e Carlos Sastre incluídos.

+ Em relação à classificação geral, a camisola amarela continua entregue a Alberto Contador, que mantém os mesmos 1'37'' e 1'46'' de vantagem sobre Lance Armstrong e Bradley Wiggins (Garmin), respectivamente. A grande novidade do dia acaba por ser a entrada de Carlos Sastre no top ten: o espanhol é agora o nono classificado do Tour, a 3'52'' do seu compatriota. Cadel Evans, pelo contrário, ganha o título de maior derrotado da jornada, tendo caído para a 17ª posição da geral, a 7'23'' do líder, após terminar a etapa já a 3'55'' de Astarloza - tendo em conta a situação, poderá ser difícil para o australiano terminar sequer entre os dez primeiros classificados... Quanto à outra luta que agitou esta etapa, Franco Pellizotti segue como líder destacado da classificação da montanha, com cinquenta e oito pontos de vantagem sobre Egoi Martinez, e começa a ser um sério candidato a envergar a camisola às pintas vermelhas no pódio de Paris. Por fim, e no que diz respeito às restantes classificações, Thor Hushovd (Cérvelo) e Andy Schleck conservam, respectivamente, a camisola verde e a camisola branca.

+ O ciclista português da Astana, Sérgio Paulinho, continua a prestar uma prova regular e terminou a etapa de hoje na 57ª posição, a fechar o grupo dos 3'55'' de perda para o vencedor. Na geral, subiu ao 37º posto, a 22'02'' de Contador.

+ A etapa de amanhã assinala o fim da passagem do Tour 2009 pelos Alpes - e tem tudo para ser um dia extraordinário, embora a perspectiva do contra-relógio individual logo no dia seguinte possa limitar os ataques entre os favoritos. O percurso, de 169,5 km de extensão, ligará Bourg-Saint-Maurice a Le Grand-Bornand e incluirá cinco contagens de montanha, das quais quatro(!) de primeira categoria e com a primeira logo nos primeiros quilómetros da etapa. Os últimos quinze quilómetros do dia, contudo, serão feitos já a descer em direcção à meta, logo após o Col de la Colombiére. Para ciclistas como Andy Schleck ou Carlos Sastre - não tão bons nos contra-relógios - este poderá ser um dia decisivo para a sua classificação final na prova, logo, será certamente uma etapa a não perder.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 19:39


domingo, julho 19, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 15

» Vitória e camisola amarela para Contador no topo do Verbier


Foto ASSOCIATED PRESS

+ Custou mas valeu a pena esperar: à décima quinta etapa da Volta a França, finalmente se assitiu a uma verdadeira disputa pela classificação geral da prova. A chegada ao alto de Verbier - contagem de montanha de primeira categoria - foi o palco da primeira vitória no Tour deste ano de Alberto Contador (Astana), com o espanhol a deixar os seus adversários praticamente 'apeados'. Este triunfo e, sobretudo, a forma como foi conseguido permitiram a Contador não só reforçar a sua liderança dentro da equipa como também alcançar a desejada camisola amarela - e agora o ciclista originário de Madrid só espera poder conservá-la até ao próximo domingo, dia da chegada do Tour a Paris.

+ Em relação à etapa propriamente dita, os 207,5 km entre Pontalier e Verbier ficaram marcados desde cedo pelo elevado ritmo do pelotão. Neste contexto, o grupo de ciclistas que saiu em fuga nunca conseguiu ganhar uma grande vantagem para o pelotão e, com Astana, Liquigas, e Garmin a darem o tudo por tudo na aproximação à ascensão ao Verbier, a fuga acabou por se desintegrar e ser absorvida no início da contagem de montanha. A partir daí, os favoritos encontravam-se entregues a si mesmos mas já desgastados pelo ritmo intenso imposto na etapa. Com pouco menos de seis quilómetros para a meta, Contador avaliou a situação de corrida e saiu disparado do grupo com a mesma determinação com que o havia feito em Arcalis. Andy Schleck (Team Saxo Bank) foi o único que tentou dar resposta ao espanhol, seguindo até ao final da etapa numa posição de perseguidor. No grupo dos restantes favoritos, enquanto Lance Armstrong (Astana) era rebocado pelo seu colega de equipa Andreas Klöden, Carlos Sastre (Cervélo) recuperava de um início de subida menos bom para se recolocar novamente em boa posição. No final, e depois de mais duzentos quilómetros percorridos, Contador cruzou a meta isolado, pedalando com tal ligeireza que até dava a ilusão de ter sido uma etapa fácil. Quarenta e três segundos depois, chegava Andy Schleck, seguido por Vicenzo Nibali (Liquigas), a um minuto e três segundos de Contador. O outro irmão Schleck foi o quarto classificado, a 1'06'', alcançando a meta na companhia de Carlos Sastre e de um surpreendente Bradley Wiggins (Garmin). O sétimo posto ficou entregue a Cadel Evans (Silence-Lotto), com 1'26'' de perda, com Klöden e Armstrong a terminarem a etapa nas posições seguintes, a 1'29'' e 1'35'' de Contador, respectivamente. O top ten da etapa foi encerrado por Kim Kirchen (Team Columbia), registando 1'55'' de atraso em relação ao registo do vencedor.

+ Na sequência desta etapa, Alberto Contador torna-se no terceiro ciclista a envergar a camisola amarela na presente edição do Tour - o anterior líder, Rinaldo Nocentini (Ag2r) foi apenas o décimo nono classificado dia, a 2'36'' do espanhol, e, como tal, caiu para a sexta posição da geral, com 2'30'' de desvantagem. Apesar da dificuldade manifestada nos quilómetros finais do dia e do tempo perdido para a maioria dos seus adversários directos, Lance Armstrong subiu ao segundo lugar da classificação geral, a 1'37'' do seu companheiro de equipa, enquanto Bradley Wiggins fecha o pódio provisório, com 1'46'' de diferença para o novo camisola amarela. Andreas Klöden, no quarto lugar a 2'26'', completa o trio da Astana no top ten da geral, com Andy Schleck a ascender ao quinto posto, a 2'30''. Entre os restantes ciclistas, o destaque vai para o sétimo posto de Nibali, a 2'51'', para o décimo primeiro lugar de Sastre, a 3'52'' e para o décimo quarto lugar de Cadel Evans, a uns já distantes 4'27''. Em termos de classificação da juventude, Tony Martin (Team Columbia) viu-se ultrapassado por Andy Schleck e Vicenzo Nibali, com vantagem para o luxemburguês. Por oposição, não se registaram alterações de relevo nas classificações da montanha e dos pontos, com Franco Pellizotti (Liquigas) a seguir como líder da primeira e Thor Hushovd (Cervélo) a manter-se dono da camisola verde.

+ Sérgio Paulinho voltou a estar ao serviço da equipa na etapa de hoje e concluiu o percurso na 66ª posição, com 6'53'' de perda para o seu líder e vencedor da etapa. Na geral, o português é o quadragésimo classificado, registando quase vinte minutos de diferença em relação a Contador.

+ Amanhã será novo dia de descanso na Volta a França 2009 mas, depois dos acontecimentos de hoje, espera-se nova etapa animada já na terça-feira. Nesse dia, o pelotão do Tour percorrerá 159 quilómetros entre Martigny e Bourg-Saint-Maurice e terá pela frente duas grandes subidas: primeiro, a contagem de categoria especial do Col du Grand-Saint-Bernard, e depois a ascensão de categoria um ao Col du Petit-Saint-Bernard. Um ciclista que ataque nesta segunda subida poderá então usar os trinta quilómetros finais - sempre a descer em direcção à meta - para garantir algum ganho de tempo sobre os seus mais directos adversários. A décima sexta etapa não oferecerá tantas condições para fazer diferenças como a de hoje mas, em compensação, tem o perfil certo para potenciar algumas surpresas.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 18:04


sábado, julho 18, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 14

» Fuga dá triunfo a Ivanov, Nocentini segura a amarela por segundos


Foto ASSOCIATED PRESS

+ Ao fim de duas semanas de competição e prestes a entrar nos Alpes, o pelotão da Volta a França continua a deixar o protagonismo às fugas. Na etapa de hoje, a décima quarta do Tour 2009, uma fuga inicial de doze ciclistas acabou por resultar na vitória isolada de Serguei Ivanov (Team Katusha). O dia, contudo, ficou negativamente marcado pelo atropelamento fatal de um espectadora por uma moto da polícia, no primeiro acidente mortal na competição desde 2000.

+ A já referida fuga do dia formou-se ainda antes do pelotão cumprir os primeiros vinte quilómetros dos duzentos a percorrer entre Colmar e Besançon. O ciclista melhor classificado do grupo era George Hincapie (Team Columbia), que seguia acompanhado por nomes como Ivanov, Christophe Le Mevel (FDJ), Gerald Ciolek (Milram) e Daniele Bennati (Liquigas). Sem ninguém verdadeiramente 'perigoso' entre os ciclistas escapados, o pelotão reagiu à fuga apenas nos quilómetros finais, com a Garmin à cabeça. Contudo, o contra-ataque deu-se já demasiado tarde para apanhar a fuga e funcionou antes como um controlo sobre a possibilidade de mudança de dono da camisola amarela. Entretanto, na frente da corrida, a entrada nos dez quilómetros finais assinalou o arranque decisivo de Ivanov em busca da sua segunda vitória da carreira em etapas do Tour. O ciclista russo deu o tudo por tudo até à meta, aproveitando a desorganização dos perseguidores, foi o digno vencedor do dia, com dezasseis segundos de vantagem sobre oito dos seus companheiros de fuga. Entretanto, a liderança do pelotão dividia-se entre os que queriam Hincapie de amarelo - a Team Columbia, a própria Astana, ... - e a Garmin, que elevou o ritmo na aproximação à meta. Já no sprint final, o que se viu foi uma marcação cerrada de Mark Cavendish (Team Columbia) a Thor Hushovd (Cervélo) - e o inglês, que cruzara a meta à frente de Hushovd, acabou por ser desclassificado para a última posição do pelotão devido à alteração da sua trajectória nos metros finais. Neste sentido, o atraso do grupo principal em relação ao vencedor ficou registado por Hushovd em 5'36''.

+ Em virtude desta diferença, Rinaldo Nocentini (Ag2r) seguirá de camisola amarela pelo menos por mais um dia, com George Hincapie a ascender ao segundo posto, a cinco segundos do italiano. Alberto Contador (Astana) entrará nos Alpes no terceiro posto, a seis segundos do líder, enquanto Lance Armstrong (Astana) fecha os quatro primeiros num intervalo de apenas oito segundos de diferença. Destaque ainda para a entrada deo francês Christophe Le Mevel no top ten da classificação geral: o ciclista da Française des Jeux é o quinto classificado, a 43'' do líder. Tony Martin (Team Columbia) caiu duas posições na geral na sequência desta alterações mas, em contrapartida, mantém-se como líder da classificação da juventude. Franco Pellizotti (Liquigas) segue igualmente como rei da montanha enquanto que, nas contas da camisola verde, a penalização a Cavendish permitiu que Thor Hushovd estendesse a sua vantagem sobre o inglês para dezoito pontos.

+ Em relação a Sérgio Paulinho, o português da Astana foi o 46º classificado do dia, terminando a etapa integrado no pelotão. Na geral, ocupa agora o 41º posto, a 12'19'' de Nocentini.

+ A etapa de amanhã - 207,5 km entre Pontarlier e Verbier (Suíça) - poderá marcar decisivamente o Tour: não só assinala a entrada na semana final da prova como será o primeiro dos três dias nos Alpes. No percurso de amanhã, os ciclistas começarão por 'aquecer' as pernas em quatro subidas de terceira categoria, passando a meio da etapa por uma de segunda; e, para terminar, terão a subida ao Verbier - de primeira categoria - a coincidir com o final da etapa. Numa Volta a França que, para já, tem sido parca em ataques de favoritos, tudo o que se deseja é que a perspectiva do Mont Ventoux a fechar a prova não impeça os ciclistas de aproveitarem esta oportunidade fantástica para atacar e tentar ganhar tempo.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 16:59


sexta-feira, julho 17, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 13

» Vitória à chuva de Haussler, Nocentini continua como líder


Foto ASSOCIATED PRESS

+ À décima terceira etapa da Volta a França 2009, fica-nos talvez uma das imagens mais marcantes da prova: num dia de chuva e frio, Heirich Haussler (Cervélo) cruzou a meta sozinho e em lágrimas para garantir a sua primeira vitória em etapas na prova-rainha do ciclismo mundial. O triunfo na jornada foi, sem dúvida, um prémio mais do que merecido pelos mais de cinquenta quilómetros que o ciclista alemão percorreu já isolado, após ter deixado para trás os seus companheiros de fuga iniciais.

+ Com condições atmosféricas altamente adversas, os 200 km entre Vittel e Colmar ficaram marcados sobretudo pela atenção redobrada do pelotão, não dando azo, portanto, a grandes ataques entre os favoritos. Aproveitando essa situação, um grupo de sete ciclistas - entre os quais, Haussler, Jens Voigt (Team Saxo Bank), Franco Pellizotti (Liquigas) e Sylvain Chavanel (Quick Step) - libertou-se do pelotão ainda nos primeiros quilómetros. A contagem de montanha de primeira categoria ao quilómetro 138,5, contudo, levou ao desagregar do grupo em fuga, com Heirich Haussler a livrar-se definitivamente de companhia no sopé da contagem de terceira categoria seguinte. A partir daí, o alemão foi ganhando cada vez mais vantagem sobre o pelotão e o grupo de perseguidores e, na chegada à meta, não pode conter a emoção sentida pelo seu primeiro triunfo no Tour. Amets Txurruka (Euskaltel-Euskadi) foi o segundo classificado do dia, a 4'11'', sendo seguido por Brice Feillu (Agritubel) e Chavanel, a 6'13'' e 6'31''. Já o pelotão alcançou a meta 6'43'' depois do vencedor, com Peter Velits (Milram) e Thor Hushovd (Cérvelo) à cabeça do sprint.

+ Em relação ao topo da classificação geral, a única alteração do dia corresponde aos efeitos do abandono forçado do anterior quarto classificado, Levi Leipheimer (Astana), que partiu o pulso direito na queda do final da etapa de ontem. Entretanto, Rinaldo Nocentini (Ag2r) continua a ser o dono da camisola amarela, com Alberto Contador e Lance Armstrong a moderem-lhe os calcanhares. Tony Martin (Team Columbia) mantém-se como líder da juventude enquanto o seu companheiro de equipa Mark Cavendish se viu novamente exproriado da camisola verde por Hushovd. O norueguês pode não ser mais mais forte do que Cavendish num sprint para a meta mas, em compensação, sabe usar a sua experiência para ir buscar pontos onde o inglês não pode - enquanto Hushovd conseguiu passar esta etapa de média-montanha integrado no pelotão, Cavendish viu-se rapidamente relegado para um 'grupeto' e pagou a factura disso no final da jornada. Já que a luta da camisola amarela ainda não aqueceu, ainda bem que a disputa da verde nos vai garantindo tantas emoções... Por fim, ao nível da camisola de montanha, Egoi Martinez (Euskaltel-Euskadi) perdeu a liderança da classificação para Pellizotti.

+ Quanto a Sérgio Paulinho, o ciclista da Astana voltou a estar em destaque pelo trabalho para a equipa e concluiu a etapa na 74ª posição, a 7'12'' do vencedor e, portanto, já fora do pelotão principal. Na geral, o português ocupa agora o 40º lugar, a 12'19'' de Nocentini.

+ A etapa de amanhã - 199 km de Colmar a Besançon - constitui essencialmente uma prenda para os sprinters antes da entrada da prova nas montanhas dos Alpes. O percurso incluirá duas contagens de terceira categoria mas, à partida, será uma etapa para ser disputada em pelotão compacto, ao sprint. Caso venha a ser esse o necessário, será certamente interessante a luta Cavendish-Hushovd pela camisola verde.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:59


quinta-feira, julho 16, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 12

» Sorensen vence isolado, liderança segue com Nocentini


Foto ASSOCIATED PRESS

+ A décima segunda etapa da Volta a França, que ligou Tonnerre a Vittel, foi ganha por Nicki Sorensen (Team Saxo Bank) após um grande esforço individual nos últimos quilómetros do dia.

+ Inicialmente, o dinamarquês esteve integrado num grupo de sete ciclistas escapados mas, a vinte quilómetros da meta, saltou para a frente da corrida na companhia de Sylvain Calzati (Agritubel). Com Calzati a perder o fôlego a cinco quilómetros do final e com os perseguidores perigosamente próximos, Sorensen arrancou sozinho em busca da vitória da etapa e cruzou a meta isolado. O grupo perseguidor registou 48'' de perda enquanto o pelotão alcançou o final a 5'58'' do dinamarquês, com Mark Cavendish (Team Columbia) a liderar a luta pelos pontos que ainda restavam. Ainda assim, em relação ao pelotão, o facto digno de maior nota acaba por ser a queda em que se viram envolvidos Cadel Evans (Silence-Lotto) e Levi Leipheimer (Astana), que deixará os ciclistas em grande sofrimento para a etapa de hoje.

+ Na classificação geral, Rinaldo Nocentini (Ag2r) já igualou os seis dias de camisola amarela de Fabian Cancellara (Team Saxo Bank), conservando os seis e oito segundos de vantagem sobre Alberto Contador e Lance Armstrong (ambos da Astana). Tony Martin (Team Columbia) segue como sétimo da geral e líder da juventude enquanto Mark Cavendish e Egoi Martinez (Euskatel-Euskadi) souberam hoje defender as suas camisolas dos pontos e da montanha, respectivamente.

+ Sérgio Paulinho (Astana), o único português em prova após o abandono de Rui Costa (Caisse d'Épargne), terminou a etapa integrado no pelotão, na 55ª posição. Ao nível da classificação geral, porém, caiu do 41º para o 44º posto, mantendo os 11'50'' de diferença para o camisola amarela.

+ A etapa de amanhã ligará Vittel a Colmar através de um percurso de 200 km de extensão. Em virtude da má experiência da décima etapa, a UCI decidiu voltar atrás na sua proibição do uso de rádios neste dia. Contudo, com rádios ou sem rádios, o facto é que será uma etapa difícil para um pelotão cada vez mais desgastado: classificado como de média-montanha, o percurso incluirá uma contagem de montanha de primeira categoria para além de duas de segunda e duas de terceira. Com um perfil destes, talvez seja um dia do qual esperar surpresas...

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:59


quarta-feira, julho 15, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 11

» Cavendish iguala recorde com nova vitória, camisola amarela segue com Nocentini


Foto ASSOCIATED PRESS

+ À décima primeira etapa da Volta a França 2009, já não restam dúvidas sobre a supremacia de Mark Cavendish no sprint: o ciclista da Team Columbia não se deixou surpreender por Thor Hushovd (Cervélo) e Tyler Farrar (Garmin) na aproximação à meta e somou o quarto triunfo em etapas na prova. Na sequência deste resultado, Cavendish não só recuperou a camisola verde como também igualou o maior número de etapas ganhas (oito) no Tour por um ciclista britânico, estabelecido por Barry Hoban.

+ Em relação à etapa propriamente dita, os 192 km entre Vatan e Saint-Fargeau foram cumpridos de acordo com o que se esperaria de um percurso maioritariamente plano. Uma queda colectiva ainda nos quilómetros iniciais possibilitou a fuga de Johan van Summeren (Silence-Lotto) e Marcin Sapa (Lampre) mas o duo acabou por ser absorvido quando faltavam seis quilómetros para meta. Com o pelotão compacto, a Team Columbia viu o seu trabalho atrapalhado pela Milram mas, apesar do ataque precoce de Hushovd - que acabaria em quinto - e do excelente esforço de Tyler Farrar nos últimos metros, Mark Cavendish voltou a ser o primeiro a cruzar a linha de meta. Um sprinter excepcional e uma equipa bem oleada são uma combinação perfeita - e se outros quiserem vencer ao sprint, provavelmente terão que esperar uma chegada mais incomum, como foi o caso da sexta etapa.

+ Na classificação geral, Rinaldo Nocentini (Ag2r) segue calmamente de amarelo, mantendo os mesmos seis e oito segundos de vantagem sobre Alberto Contador (Astana) e Lance Armstrong (Astana), respectivamente. Entretanto, os quinze segundos de perda atribuídos ontem a Levi Leipheimer (Astana) e outros foram anulados e, como tal, o topo da classificação volta a estar como há dois dias atrás. Tony Martin (Team Columbia) e Egoi Martinez (Euskaltel-Euskadi) conservam as camisolas da juventude e da montanha enquanto, como já foi referido, Hushovd se viu obrigado a devolver a camisola verde a Mark Cavendish.

+ No que diz respeito aos portugueses em prova, a notícia do dia é o abandono forçado de Rui Costa (Caisse d'Épargne), que terá lesionado um ligamento na zona da clavícula após uma queda ao quilómetro trinta. O jovem ciclista português ainda terminou a etapa - último classificado do dia, a 4'11'' do vencedor - mas os exames revelaram que lhe seria impossível continuar em prova. Entretanto, Sérgio Paulinho (Astana) teve um corrida sem incidentes e cruzou a meta integrado no pelotão, no 104º posto, mantendo-se, como tal, no 41º lugar da geral, a 11'50'' do líder.

+ A etapa de amanhã terá 211,5 quilómetros e ligará Tonnerre a Vittel. Apesar de estar classificada como plana, a etapa terá um total de seis contagens de montanha (cinco de quarta categoria e uma de terceira), daí que talvez se possa esperar uma fuga de interessados na camisola da montanha.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 20:55


terça-feira, julho 14, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 10

» Cavendish vence pela terceira vez, Nocentini continua de amarelo


Foto ASSOCIATED PRESS

+ No regresso do Tour à estrada após o primeiro dia de descanso, a etapa foi, no mínimo, desinteressante: fuga de quatro ciclistas nos quilómetros iniciais, pelotão a controlar tudo em ritmo de passeio e, no final, o sprint de Cavendish para a vitória, o único momento memorável da jornada. A organização banira os rádios para esta etapa com o intuito de a tornar mais emocionante mas o tiro saiu-lhe pela culatra, indubitavelmente - com ou sem rádios, são os ciclistas (instruídos pelos directores de equipa) que fazem a prova e o ritmo lento de hoje foi a afirmação disso mesmo. Caso a organização mantenha o braço-de-ferro, mais vale ignorar que há etapa de sexta-feira - também sem rádios - ou, pelo menos, ligar a televisão com apenas dois quilómetros para a meta...

+ Tal como se esperava para uma etapa em dia da Tomada da Bastilha, três homens da casa - Benoit Vaugrenard (FDJ), Thierry Hupond (Skil-Shimano) e Samuel Dumoulin (Cofidis) - lançaram-se em fuga logo nos primeiros quilómetros dos 194,5 km a percorrer entre Limoges e Issoudun, com a companhia de Mikhail Ignatiev (Katusha). Apesar do ritmo de treino do pelotão, o quarteto da frente nunca conseguiu construir uma grande vantagem e entrou nos dez quilómetros finais com pouco mais de meio minuto de diferença. Já com os ciclistas escapados à vista, o pelotão voltou a não ter pressas e acabou por absorver a fuga apenas a dois quilómetros da meta - e a partir daí, foi ver o comboio da Team Columbia a preparar o sprint de Mark Cavendish. Com Thor Hushovd (Cervélo) e Tyler Farrar (Garmin) na roda, o ciclista inglês voltou a estar insuperável no ataque à meta e somou assim a sua terceira vitória na presente edição da Volta a França.

+ Na classificação geral, não se registaram alterações nas três primeiras posições, com Rinaldo Nocentini (Ag2r) a manter-se de amarelo. Contudo, um atraso de 15'' de Levi Leipheimer na sequência de uma queda colectiva nos quilómetros finais levou à ascensão de Andreas Klöden (Astana) ao quarto posto da geral, com o mesmo registo de tempo que o americano, seu companheiro de equipa. Nas contas da camisola verde, o segundo lugar no sprint foi o suficiente para Hushovd se manter líder, enquanto Tony Martin (Team Columbia) e Egoi Martinez (Euskaltel-Euskadi) seguem como reis da juventude e da montanha, respectivamente.

+ Em relação aos portugueses, Rui Costa (Caisse d'Épargne) foi 50º na etapa, alcançando a meta com o pelotão principal, enquanto Sérgio Paulinho, no grupo dos 15'' de perda, foi 103º. Na geral, o ciclista da Astana segue melhor posicionado, na 41ª posição, com Rui Costa a manter-se como 88º classificado.

+ A décima primeira etapa do Tour 2009 ligará amanhã Vatan a Saint-Fargeau, com duas contagens de montanha de quarta categoria a pontuarem os 192 quilómetros maioritariamente planos. À partida, será mais uma etapa para os sprinters se digladiarem pela vitória, embora os quilómetros finais ofereçam umas viragens traiçoeiras para uma chegada em pelotão compacto.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 21:17


domingo, julho 12, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 9

» Terceira vitória francesa por Fédrigo, Nocentini descansará de amarelo


Foto REUTERS

+ Com um pelotão que continua pouco interessado em trabalhar e uma Astana que parece não querer a camisola amarela, o triunfo na nona etapa da Volta a França 2009 foi novamente decidido numa fuga, com Pierrick Fédrigo (Bouygues Telecom) a levar a melhor sobre Franco Pellizotti (Liquigas) no sprint final pela vitória. Numa altura em que o ciclismo francês tem sido muito criticado pela falta de uma grande figura, este Tour vem provar que com os 'pequenos' também se conquistam importantes vitórias: o triunfo de Fédrigo hoje eleva para três o número de triunfos franceses após nove dias de prova.

+ Assinalando o fim da passagem do Tour pelos Pirinéus e integrando no seu percurso as subidas ao Col d'Aspin (primeira categoria) e ao Tourmalet (categoria especial), a etapa de hoje, contudo, pareceu tudo menos um dia de montanha. Fica o aviso à organização: numa edição futura da prova, os adeptos de ciclismo certamente agradecerão se as grandes subidas não aparecerem a meio da etapa... A bem da verdade, os 160,5 km do dia, entre Saint-Gaudens e Tarbes, também tiveram os seus momentos de interesse; porém, espera-se algo mais de uma etapa classificada como de alta montanha.

+ O início do dia acabou mesmo por oferecer a fase mais animada da etapa, com a formação de vários grupos de ciclistas escapados - entre os quais, os dois portugueses em prova, Sérgio Paulinho (Astana) e Rui Costa (Caisse d'Épargne), e os dois ciclistas que viriam a discutir a vitória na etapa, Fédrigo e Pellizotti. A subida ao Tourmalet permitiu-lhes libertarem-se dos seus companheiros de fuga e, com o pelotão quase em ritmo de passeio na subida, a dupla manteve uma boa vantagem. Ainda assim, com setenta quilómetros até à meta depois da contagem de categoria especial - meios a descer, meios planos -, a chegada isolada ao final da etapa chegou a estar em perigo mas o bom entendimento entre os ciclistas garantiu um sprint a dois pelo triunfo. O pelotão cortou a meta com Oscar Freire (Rabobank) à cabeça e 34'' de atraso em relação a Fédrigo.

+ Finalizada a 'primeira parte' desta Volta a França, Rinaldo Nocentini (Ag2r) continua como o líder improvável da classificação geral, com Alberto Contador (Astana) a seis segundos e Lance Armstrong (Astana) - que hoje deu a entender que tem intenções de competir no Tour do próximo ano - a oito segundos. A não ser que aconteça algo de extraordinários, o italiano poderá estender a sua liderança até ao próximo domingo, o dia de entrada nos Alpes. Entretanto, Thor Hushovd (Cervélo) e Tony Martin (Team Columbia) mantêm-se na frente das classificações por pontos e da juventude, respectivamente, enquanto a camisola de montanha voltou a mudar de dono: Egoi Martinez (Euskaltel-Euskadi) enverga agora a camisola às pintas.

+ Em relação aos portugueses, se Rui Costa não tardou a cair da fuga, Sérgio Paulinho manteve-se na frente até ao Tourmalet, onde somou catorze pontos para as contas da montanha por ser o oitavo ciclista a passar na contagem. O português e os seu companheiros de fuga foram absorvidos pelo pelotão na descida e Paulinho acabou por alcançar a meta integrado no grupo principal, na 68ª posição - na geral, é agora o 41º classificado, a 11'50'' de Nocentini. Já Rui Costa terminou o dia no 79º posto, com 1'32'' de perda em relação ao vencedor, mas subiu para a 88ª posição da geral, a 41'25'' do camisola amarela.

+ Amanhã será o primeiro dia de descanso da Volta a França 2009, com o pelotão a voltar à estrada - sem rádios! - na terça-feira. O percurso de 194,5 km ligará Limoges a Issoudun e incluíra quatro contagens de montanha de quarta categoria - consequentemente, a vitória deverá ser disputada ao sprint mas, por outro lado, a 14 de Julho, já se sabe que os franceses gostam de tentar a sua sorte...

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:59



Fórmula 1: GP Alemanha

» Webber conquista primeira vitória da carreira em nova dobradinha da Red Bull


Foto ASSOCIATED PRESS

+ No Grande Prémio da Alemanha, disputado hoje em Nürburgring, o australiano Mark Webber (Red Bull) alcançou finalmente o triunfo que lhe escapava ao currículo - e fê-lo em grande estilo, sem dúvida.

+ Até agora à sombra das melhores prestações do seu companheiro de equipa, Sebastian Vettel, Mark Webber começou a construir um fim-de-semana de sonho logo com a conquista da pole position no dia de ontem. Contudo, o seu favoritismo viu-se ameaçado por um início atribulado de corrida: o australiano envolveu-se num pequeno incidente com Rubens Barrichello (Brawn GP) - que saíra do segundo posto da grelha de partida - e foi-lhe atribuída uma passagem nas boxes como penalização. O ritmo imparável do australiano permitiu-lhe, todavia, regressar ao comando da corrida na sequência da segunda ronda de reabastecimentos e aí se manteve até à bandeira de xadrez. O australiano foi acompanhado no pódio por Sebastian Vettel e Felipe Massa (Ferrari), que, à semelhança do que acontecera no Grande Prémio de Inglaterra, fez uma corrida de trás para a frente (partira do oitavo posto). Nico Rosberg, em Williams, foi o quarto classificado, logo seguido pelos Brawn de Jenson Button e Rubens Barrichello. Efectivamente, depois de um início de época fulgurante, a Brawn parece estar agora a perder algum fôlego: não só os seus carros foram consistentemente batidos ao longo do fim-de-semana como também cometeu erros nos reabastecimentos, o que levou Barrichello a manifestar publicamente o seu desagrado com a equipa. Quanto aos últimos lugares pontuáveis, ficaram entregues a Fernando Alonso (Renault) e Heikki Kovalainen, este ao volante de um McLaren-Mercedes renovado. A nova evolução da equipa inglesa deixou boas indicações em Nürburgring - nomeadamente o quinto melhor tempo registado por Lewis Hamilton na qualificação - mas uma saída de pista do campeão do mundo na primeira curva deitou a perder a possibilidade de um bom resultado. Resta esperar pelos próximos Grandes Prémios para ver se esta melhoria é real ou se é apenas fogo de vista...

+ Em termos de campeonato de pilotos, Jenson Button segue na liderança, com 68 pontos somados, mas começa a ver a vantagem encurtada: Vettel tem agora 47 pontos enquanto Webber ocupa o terceiro posto, com 45,5. Rubens Barrichello caiu para o quarto lugar da classificação, registando 44 pontos. Entretanto, no campeonato por equipas, a primeira posição continua a pertencer à Brawn, com 112 pontos; a Red Bull segue no segundo posto, com 92 pontos, e a Toyota começa a sentir a pressão da Ferrari no terceiro lugar.

+ O próximo Grande Prémio de Fórmula 1 terá lugar em Budapeste, na Hungria, no próximo dia 26 de Julho. Se a Red Bull voltar a vencer, a Brawn poderá começar a ver os dois campeonatos em perigo; contudo, também não de descartar um vencedor mais surpreendente, visto que a McLaren e a Ferrari se encontram em ascensão.


» FÓRMULA 1: Classificações

GP Alemanha
Mundial de Pilotos
Mundial de Construtores


# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:48


sábado, julho 11, 2009

TOUR DE FRANCE
Etapa 8

» Vitória de Léon-Sánchez após fuga, camisola amarela continua com Nocentini


Foto REUTERS

+ Mais um dia na Volta a França, mais uma fuga que dá em vitória: desta feita, foi Luis Léon-Sánchez (Caisse d'Épargne) a superar os seus três companheiros no sprint final para a meta. Contudo, numa etapa interessante desde os primeiros quilómetros, o espanhol não foi, certamente, o único vencedor do dia...

+ O percurso de hoje - 176,5 quilómetros entre Andorra-a-Velha e Saints-Girons - abria com a subida a Port d'Envalira, uma contagem de primeira categoria. Perante esta situação, as tentativas de fuga sucederam-se com grande velocidade, com Cadel Evans (Silence-Lotto) e Andy Schleck (Team Saxo Bank) entre os mais notáveis que chegaram a andar destacados do pelotão. No entanto, a longa descida após a contagem de montanha e o aumentar do ritmo do pelotão por parte da Astana acabaram por pôr fim às esperanças destes candidatos ao pódio de recuperar tempo, embora seja de louvar a sua vontade de mexer na corrida. Entretanto, num grupo que se mantinha mais à frente, havia um elemento no mínimo inesperado: Thor Hushovd (Cervélo) esteve brilhante ao integrar a fuga para ir buscar os pontos dos dois sprints intermédios antes da segunda contagem de montanha do dia, roubando, assim, a camisola verde a Mark Cavendish (Team Columbia). Logo depois, o noruguês deixou-se ficar para trás enquanto na frente da corrida seguiam dez ciclistas escapados, entre os quais os quatro que chegariam isolados à meta - Léon-Sanchez, Sandy Casar (FDJ), Mikel Asterloza (Euskatel-Euskadi) e o nosso bem conhecido Vladimir Efimkin (Ag2r). Já na última montanha do dia - o Col d'Agnès, de primeira categoria -, e enquanto a fuga ia perdendo os ciclistas mais fracos, voltou a ver-se Andy Schleck novamente ao ataque. Logo de seguida, contudo, a resposta da Astana levou ao estabilizar do ritmo no grupo dos favoritos, permitindo a reentrada do camisola-amarela Rinaldo Nocentini (Ag2r) e deixando a fuga com uma vantagem suficiente para pedalar para a vitória. Na aproximação à meta, Efimkin foi o primeiro a atacar mas Luis Léon-Sánchez fez um excelente sprint final para cortar a linha de chegada em primeiro lugar, batendo Casar, Astarloza e Efimkin por esta ordem. O pelotão alcançou a meta 1'54'' depois, integrando todos os grandes favoritos ao pódio de Paris.

+ No topo da classificação geral mantém-se, deste modo, o italiano Rinaldo Nocentini, com seis segundos de vantagem sobre Alberto Contador e oito sobre Lance Armstrong, ambos da Astana. De resto, a alteração mais significativa nos primeiros vinte lugares acaba por ser a ascensão do vencedor da etapa de hoje ao 11º lugar, a 2'16'' do líder - um facto que, de algum modo, compensa a equipa pelo abandono ainda por explicar de Oscar Pereiro a meio desta oitava etapa. A camisola verde, como já foi referido, encontra-se agora nas mãos de Thor Hushovd, enquanto o herói de ontem, Brice Feillu, perdeu a liderança das contas da montanha para o seu compatriota Christophe Kern (Cofidis). Por fim, referência para Tony Martin (Team Columbia), que continua firme na liderança da classificação da juventude, e para a Ag2r, que ultrapassou a Astana na tabela por equipas.

+ Em relação aos portugueses em prova, Sérgio Paulinho (Astana) cruzou a meta a fechar o pelotão principal, na 57ª posição a 1'54'' do vencedor, enquanto Rui Costa (Caisse d'Épargne) terminou a etapa integrado num grande 'grupeto', registando o 87º posto a 14'14''. Em virtude destes resultados, Paulinho subiu à 46ª posição da geral - embora mantendo os mesmos 11'50'' de diferença para Nocentini - e Rui Costa é o 112º classificado, com mais de quarenta minutos de perda.

+ A nona etapa do Tour 2009 ligará amanhã Saint-Guadens a Tarbes, num percurso com 160,5 km. No último dia de Pirinéus, os ciclistas subirão ao Col d'Aspin (primeira categoria) e ao Tourmalet (categoria especial) mas o facto da meta estar situada a mais de setenta quilómetros desta última subida poderá vetar uma real tentativa de ataque entre os favoritos. Por outro lado, com o primeiro dia de descanso à porta, talvez haja alguém a querer aproveitar esta oportunidade para recuperar tempo na classificação geral. O melhor mesmo é esperar para ver...

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 17:37


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