home

plantel

contactos

plantel

apoios









media

uteis

arquivos

estatísticas

On-line



eXTReMe Tracker




sexta-feira, julho 30, 2010

Poupança e fartura


Foto ASSOCIATED PRESS

+ O Sporting cumpriu na estreia oficial em 2010/2011. Diante da modesta equipa do Nordsjaelland, os leões de Paulo Sérgio mostraram já um figurino bem diferente daquele que Carvalhal apresentava, jogaram o quanto baste e venceram com naturalidade, graças a um golo de Vukcevic, um dos "reforços" para a nova época. Gosto deste novo esquema táctico, que faz com que a equipa jogue mais compacta e permite que cada jogador com bola tenha sempre mais linhas de passe disponíveis. No entanto, há ali jogadores sem a intensidade exigível para esta forma de jogar - se não tinham no passado, não é agora que vão ter.

+ Se o Sporting foi poupado, o Marítimo esbanjou golos e golos diante do Bangor City. 8-2 foi o placard final, que deixa também os insulares na fase seguinte. Os jogadores do País de Gales quase que igualaram os seus compatriotas do Barry Town, que há uns anos também foi sovado pelo Porto. Agora, o jogo de volta é uma mera formalidade e os de Mitchell Van der Gaag estão a uma barreira de atingirem a fase de grupos.

# Artigo de Da Rocha
Publicado às 09:59


quarta-feira, julho 28, 2010

Braga já manda


Foto ASSOCIATED PRESS

+ Aquilo que Paulo Sérgio quer que o Sporting faça, o Braga já faz: já manda. O 3-0 com que os arsenalistas despacharam o Celtic deixa antever que os de Domingos Paciência vão entrar mandões em 2010/2011. Até pode não vir a ser assim, mas pelo menos já lograram mandar borda fora os escoceses - a menos que se assista a uma catástrofe no Celtic Park. Em teoria, ao Braga falta saltar uma etapa para atingir o sonho da fase de grupos da Champions. Esta está quase ganha. A próxima não vai ser fácil. Mas este 3-0 a um histórico do futebol do Velho Continente já ninguém lhes tira.

# Artigo de Da Rocha
Publicado às 22:01


terça-feira, julho 27, 2010

Tour de France de 'A' a 'Z'

Schleck, Contador, Petacchi e Charteau subiram ao pódio aos camisolas de vencedores
Fotos GETTYIMAGES, REUTERS, ASSOCIATED PRESS

A de Alberto Contador, tricampeão da Volta a França. O espanhol acabou por sair vencedor da marcação homem a homem com Andy Schleck mas sofreu como nunca: pressionado em todas as etapas pelo luxemburguês, vilanizado pela opinião pública no "caso da corrente" e em baixo de forma no contra-relógio individual, a confirmação do triunfo foi um verdadeiro alívio para 'el pistolero'. Faltou a vitória numa etapa para acompanhar a conquista da camisola amarela mas, como disse o próprio Contador, é mais importante ser o primeiro em Paris do que o primeiro no Tourmalet. Efectivamente, o Tour 2010 não esteve fácil para o ciclista da Astana mas o espanhol acabou por superar as adversidades e entrar para o selecto clube de ciclistas com cinco grandes voltas no currículo. Próximo objectivo? Provavelmente, igualar Eddy Merkx, Jacques Anquetil, Bernard Hinault e Miguel Indurain - isto é, se Andy Schleck não se atravessar no seu caminho...

El Pistolero subiu ao lugar mais alto do pódio pela terceira vez na sua carreira

B de BBox, a equipa francesa com mais sucessos nesta Volta a França. Conhecidas as dificuldades em assegurar os patrocínios para a próxima época, a BBox respondeu na estrada da melhor maneira possível: Thomas Voeckler e Pierrick Fédrigo conseguiram vitórias consecutivas na 15ª e 16ª etapas, enquanto Anthony Charteau surpreendeu tudo e todos ao conquistar a camisola de montanha graças a ataques nas etapas de dificuldade média.

C de Cancellara. O suíço da Saxo Bank viu uma época fabulosa - com vitórias no Paris-Roubaix e na Volta a Flandres - estragada por suspeitas de "doping mecânico" mas não se deixou abater e aproveitou a Volta a França para responder aos críticos. Sem que nenhum motor para além das suas pernas tenha sido detectado na sua bicicleta, 'Spartacus' venceu e convenceu no prólogo e no contra-relógio individual e vestiu a camisola amarela por um total de seis dias.

Denis Menchov fez um excelente contra-relógio individual

D de Denis Menchov. O russo da Rabobank esteve discreto mas regular durante toda a Volta a França e viu a sua prestação premiada com o lugar mais baixo do pódio, o seu melhor resultado de sempre na prova rainha do ciclismo mundial. O momento decisivo para esta conquista acabou por ser o contra-relógio individual, onde a sua excelência na disciplina lhe permitiu ultrapassar Samuel Sánchez (Euskaltel Euskadi) na luta pelo terceiro lugar à chegada a Paris. Com Contador e Schleck um nível acima de todos os outros, o vencedor da Vuelta 2007 e do Giro 2009 poderá nunca superar estes sucessos com a conquista do Tour mas é certo que já deixou a sua marca na principal prova do calendário internacional.

E de Expulsão. A edição 2010 da Volta a França ficou manchada pela expulsão de Mark Renshaw (HTC-Columbia) após a 11ª etapa. O australiano levou tão a peito a sua função de lançador de Cavendish que deu três cabeçadas a Julian Dean (Garmin) e, ainda não satisfeito, apertou Tyler Farrar (Garmin) contra as barreiras quando este lançou o seu sprint. O facto deste incidente se ter dado durante a corrida - ao contrário, por exemplo, do confronto físico entre Carlos Barredo (Quick Step) e Rui Costa (Caisse d'Épargne) - precipitou a decisão da organização de expulsar Renshaw, embora a vitória de Cavendish tenha sido validada.

F de França. O Tour 2010 proporcionou sucessos aos ciclistas franceses como há muito já não se via. A prestação não particularmente brilhante na classificação geral - o melhor classificado foi John Gadret (Ag2r), na 19ª posição - foi largamente compensada pelas seis vitórias em etapas, cortesia de Chavanel (na 2ª e 7ª etapas), Sandy Casar (FDJ), Christophe Riblon (Ag2r), Thomas Voeckler (BBox) e Pierrick Fédrigo (BBox) e com o pormenor destes quatro últimos terem conquistado os seus triunfos em dias consecutivos, entre a 13ª e a 16ª etapas. Nem os mais entusiastas fãs franceses poderiam ter imaginado um saldo final melhor...

Sérgio Paulinho venceu a 10ª etapa do Tour, com meta em Gap

G de Gap, a cidade onde Sérgio Paulinho foi o primeiro a cortar a meta. Na 10ª etapa desta Volta a França, o português da Radioshack conseguiu entrar na fuga certa e, no duelo final com Vasil Kiryienka (Caisse d'Épargne), soube lançar o sprint no melhor momento para garantir a primeira vitória portuguesa no Tour em mais de duas décadas, desde o triunfo de Acácio da Silva em 1989. Numa equipa com Armstrong, Leiphemer, Klöden ou até Brajkovic e Horner, tem o seu quê de irónico ter sido Sérgio Paulinho - um trabalhador de equipa incansável - a oferecer a única vitória à Radioshack. Contudo, o português soube aproveitar a sua oportunidade e foi premiado com um dia de glória que o confirma como o melhor ciclista nacional da última década - juntar um triunfo na Volta a França à etapa conquistada na Vuelta 2006 e à medalha de prata nos JO de 2004 é o que se chama pôr a cereja no topo do bolo.

H de Hesjedal e Horner. O canadiano da Garmin e o norte-americano da Radioshack terão sido, provavelmente, as maiores surpresas do top ten da classificação geral. Ryder Hesjedal ganhou liberdade após o abandono forçado do seu chefe-de-fila, Christian Vandevelde, e justificou o 7º lugar final, a 10'15'', pela determinação de permanecer com os melhores nas montanhas. Já Chris Horner, um veteraníssimo de 38 anos, viu o tempo dispendido a trabalhar para a equipa reposto pela entrada na fuga da etapa dezasseis - e, no fim, terminou como o melhor representante da Radioshack, na 10ª posição da classificação geral, a 12'02'' do vencedor.

I de Itália. No ciclismo moderno, o Giro d'Itália e a Volta a França são cada vez menos compatíveis - o Tour 2010 demonstrou que quem atinge o pico de forma em Maio difilmente recupera para a Grande Boucle. Efectivamente, a maioria das desilusões da prova são ciclistas que participaram na Volta a Itália: o vencedor Ivan Basso (Liquigas) ficou-se por um modestíssimo 32º lugar, a quase uma hora de Contador; Cadel Evans (BMC), quinto no Giro, ainda andou um dia amarelo mas acabaria na 26ª posição; o sexto classificado em Itália, Vinokourov, conquistou uma etapa mas falhou o top ten da geral; Carlos Sastre (Cervélo), oitavo, terminou o Tour em 20º sem brilho ou glória; e Bradley Wiggins (Team Sky) falhou a toda a linha, juntando um 24º lugar no Tour ao 40º arrecadado no Giro.

A bicicleta 'especial' de Jens Voigt

J de Jens Voigt. O veterano alemão da Saxo Bank protagonizou uma das mais caricatas histórias deste Tour 2010. Na 16ª etapa, a bicicleta de Voigt ficou despedaçada quando um pneu rebentou numa descida a mais de 70 km/h. Embora magoado, o segundo ciclista mais velho do pelotão queria prosseguir a prova mas os carros da sua equipa encontravam-se demasiado longe para lhe poderem dar uma nova bicicleta. Alcançado pelo carro-vassoura, Voigt recusou-se a desistir e, finalmente, a organização arranjou-lhe uma bicicleta... de tamanho júnior e pedais antiquados. Diz-se que "a cavalo dado não se olha o dente" e o 'gigante' alemão lá fez vinte quilómetros aninhado na tal bicicleta, até encontrar o carro da Saxo Bank. Ultrapassada esta peripécia, Jens Voigt concluiu a etapa, manteve-se longe de problemas até ao final da prova e chegou ontem a Paris na 126ª posição da geral.

K de Katusha. Depois de, já no ano passado, ter justificado o convite da organização, a equipa de origem russa voltou a ter uma prestação mais do que razoável na Volta a França. Joaquín Rodríguez foi a grande figura da Katusha, não só pelo triunfo na 12ª etapa mas também pelo seu oitavo lugar final na classificação geral.

Armstrong despediu-se da Volta a França

L de Lance Armstrong. O adeus definitivo do à Volta a França não correu como o heptacampeão desejaria. Depois de anos a escapar miraculosamente a quedas e falhas mecânicas, o 'boss' pagou a factura por inteiro neste Tour 2010: do furo no pavé às "duas quedas e meia" na 8ª etapa, tudo o que podia correr mal realmente aconteceu. Contudo, o decepcionante 23º lugar final de Armstrong não se justifica apenas por estes azares - a verdade é que, aos 38 anos, as pernas e a determinação já não são as mesmas, como se viu na etapa em que andou escapado. Ainda que a vitória da Radioshack na classificação por equipas lhe tenha permitido subir ao pódio de Paris por uma última vez, este Tour deixa um sabor amargo a todos os fãs de Armstrong - seria talvez preferível termos ficado com a imagem do ano passado, a de uma lenda no pódio a passar o testemunho aos novos valores do ciclismo.

M de Mark Cavendish. O sprinter inglês chegou ao Tour num momento complicado da sua carreira profissional: em baixo de forma depois da sua preparação para a época ter sido atrasada por problemas de saúde, sob um coro de críticas devido ao acidente causado na Volta a Suíça e altamente pressionado para repetir a fantástica prestação do ano passado, Cavendish arrancou para a prova sob uma forte tensão psicológica. O seu total fracasso nas duas primeiras etapas decididas ao sprint já faziam adivinhar o pior mas o verdadeiro Cavendish acabou por regressar na 5ª etapa, depois de Petacchi lhe ter dito que o problema estava na cabeça e não nas pernas. O mau início de prova impossibilitou-o de chegar à camisola verde mas as cinco vitórias em etapas - apenas a uma do registo de 2009 e com duas conquistadas já sem o seu lançador, Renshaw - e a entrada na história do ciclismo como o primeiro ciclista a vencer nos Campos Elísios por dois anos consecutivos devolveram o estatuto de melhor sprinter da actualidade a Mark Cavendish.

Cavendish venceu cinco etapas neste Tour

N de Neutralização. A segunda etapa do Tour 2010 terminou neutralizada após a descida de Stockeu - húmida e, aparentemente, coberta de óleo - ter feito razia no pelotão, com três quartos dos ciclistas a caírem. A queda aparatosa dos irmãos Schleck deixou-os muito atrasados em relação aos restantes favoritos mas, comandado pelo carismático Fabian Cancellara (Saxo Bank), de amarelo nesse dia, o pelotão fez um compasso de espera e os luxemburgueses terminaram a etapa integrados no grupo principal. A chegada à meta não teve sprint em sinal de protesto e a organização foi obrigada a neutralizar a etapa.

O de Orgulho. Se já no ano passado se aplicara a palavra "orgulho" para fazer referência à participação portuguesa no Tour, este ano há razões ainda maiores para a repetir. Numa altura em que a modalidade em Portugal se encontra seriamente afectada pelos casos de doping internos, são os nossos "emigrantes" que continuam a entusiasmar o público nacional. Com Manuel Cardoso (Footon-Servetto) a juntar-se a Sérgio Paulinho (Radioshack) e Rui Costa (Caisse d'Épargne), o contigente português atingiu uma dimensão como há muito já não se via. Embora o estreante tenha tido azar - abandonou na sequência de uma queda grave no prólogo -, Sérgio Paulinho brilhou ao conquistar a 10ª etapa e terminou na 46ª posição ga geral, 1h25'43'', enquanto Rui Costa se concentrou em cumprir o objectivo de chegar a Paris, o que conseguiu no 73º posto final, a 2h12'28''. Com o seu lugar no pelotão internacional cimentado, esperamos vê-los novamente no Tour do próximo ano - e, de preferência, com a companhia de Tiago Machado, colega de equipa de Paulinho na Radioshack.

Petacchi surpreendeu ao conquistar a camisola verde

P de Petacchi, o vencedor da camisola verde. No início do Tour, não havia um único comentador que apontasse 'Alejet' como um sério candidato à classificação por pontos - aos 36 anos de idade e sem uma vitória na Volta a França desde 2003, como poderia alcançar o objectivo que falhara quando estava no pico da carreira? O ciclista da Lampre foi oportunista na primeira etapa, confirmou o bom momento de forma com um segundo triunfo na quarta etapa, foi regular em todos os outros sprints colectivos e ultrapassou as montanhas para chegar pela primeira vez a Paris com a camisola mais desejada pelos sprinters. Em suma, a máxima "veni, vini, vinci" aplica-se bem ao veterano italiano - esperemos apenas que a investigação de que está a ser alvo no seu país não venha a apagar a boa impressão deixada neste Tour.

Q de Quedas. A queda de maior impacto na prova foi, certamente, a de Frank Schleck na terceira etapa: se, por um lado, a estratégia do seu irmão Andy sofreu um rude golpe com o abandono forçado em virtude dee uma clavícula partida, por outro, os restantes favoritos ficaram presos na confusão e o mais novo dos Schlecks recuperou tempo precioso. Contudo, nem Andy escapou às quedas numa primeira semana de prova absolutamente massacrante para todo o pelotão, com muitos a prosseguirem em prova com mazelas graves - por exemplo, Tyler Farrar (Garmin) e Cadel Evans (BMC), de pulso e cotovelo fracturados, respectivamente.

R de Radioshack. Apesar de ter subido ao pódio de Paris como vencedora da classificação por equipas, a Radioshack teve uma estreia decepcionante na Volta a França. Este Tour não era para "velhos" mas as quatro estrelas da equipa comandada por Johan Bruyneel - Armstrong, Horner, Leipheimer e Klöden - já têm todas mais de 35 anos, tendo visto as suas dificuldades em seguir com os jovens Contador e Schleck acentuadas por quedas e percalços mecânicos. No final das contas, acabou por ser o "domestique" Sérgio Paulinho a salvar a honra do convento com o seu triunfo na 10ª etapa enquanto Chris Horner foi o único a terminar no top ten da geral.

S de Schleck. Se há alguém capaz de bater Contador, é Andy Schleck. O ciclista da Saxo Bank - traído pela corrente da sua bicicleta num momento decisivo da prova - ficou a uns escassos 39'' de conquistar a desejada camisola amarela. Contudo, o luxemburguês não deve sentir-se desiludido já que se afirmou como nunca no Tour: igualou Jan Ullrich ao conquistar a camisola branca pela terceira vez, estreou-se nas vitórias em etapas da mais famosa prova velocipédica mundial - e logo com dois triunfos, em Morzine-Avoriaz e no alto do Tourmalet -, andou de amarelo durante seis etapas e demonstrou que, embora o seu irmão Frank seja uma importante mais-valia, não depende dele para fazer frente a Contador. Ainda não foi desta mas poucos duvidarão que Schleck está destinado a vencer pelo menos uma Volta a França - a rivalidade com Contador nos próximos anos é prometedora...

Schleck encostou Contador às cordas

T de Twitter. Nem o Tour é imune à era da informação: com o Twitter como meio privilegiado, os ciclistas tomaram de assalto a comunicação social e estreitaram a relação com os fãs. A tendência lançada por Lance Armstrong ainda no ano passado ganhou novo impulso este ano, com mais de uma vintena de ciclistas - entre os quais Contador, os Schlecks, Evans, Sastre, Klöden, Leipheimer, Basso, etc. - a comentarem o dia-a-dia da corrida. As pinturas personalizadas das bicicletas, os estragos causados pelas quedas, as críticas à organização, os quartos de hotel, a comida, os amigos no pelotão... tudo ficou registado no Twitter, abrindo uma janela inédita sobre os bastidores da prova-rainha do ciclismo mundial.

U de Ultracombatividade. A designação correcta é "supercombatividade" mas, à falta de um facto de relevo para a presente letra e com as restantes opções lotadas, faz-se a adaptação para dar o merecido destaque ao prémio conquistado por Sylvain Chavanel. O francês da Quick Step coroou as fugas na segunda e sétima etapas com vitórias e a conquista da camisola amarela mas nem por isso ficou satisfeito, continuando sempre à procura de mais uma hipótese de brilhar. Com tanta garra e sentido de oportunidade, o epíteto de supercombativo atribuído pelo júri da Volta a França cai-lhe que nem uma luva.

Vino venceu uma etapa no Tour 2010

V de Vinokourov. Após dois anos de suspensão na sequência de um controlo anti-doping positivo no Tour 2007, o 'leopardo branco' regressou às estradas da mais famosa prova velocipédica do mundo - e deixou a sua marca com um excelente triunfo na 13ª etapa. No dia anterior, um ataque de Contador - seu colega de equipa na Astana - privara-o, muito provavelmente, da tão desejada vitória mas 'Vino' não baixou os braços e voltou a tentar logo na jornada seguinte, tendo visto o seu ataque a sete quilómetros da meta premiado com a conquista da etapa. A sombra do doping ainda não se desvaneceu mas a verdade é que o cazaque - 16º classificado final - continua a proporcionar grandes momentos de espectáculo no ciclismo.

W de Wanze - Arenberg Port du Hainaut, a célebre e polémica etapa dos seis sectores de pavé. Vários ciclistas criticaram a inclusão deste percurso de homenagem às clássicas do norte numa prova de três semanas, argumentando que os principais favoritos poderiam perder o Tour por um azar no pavé ainda antes de chegarem ao habitual palco de desisões que são as montanhas. Se, por um lado, o desenlace da etapa acabou por lhes dar razão - entre outros incidentes, Frank Schleck abandonou com a clavícula fracturada e um furo ditou o início do fim das aspirações de Lance Armstrong -, por outro, a incursão nas tortusosas estradas do "Inferno do Norte" rendeu espectáculo e emoções fortes. O raciocínio dos ciclistas é falacioso já que quedas e problemas mecânicos também acontecem nas boas estradas e em nenhum ponto o regulamento estipula que a Volta a França se decide obrigatoriamente nas montanhas. Mais, se o pavé é um elemento do ciclismo de estrada, não há razão alguma para que não seja incluído pontualmente no Tour - o público certamente agradece.

Cancellara liderou a Saxo Bank nos sectores de pavé

X de Xavier Florencio. Dos 198 inscritos na Volta a França, o ciclista da Cervélo foi o primeiro a ficar de fora da competição. O espanhol nem sequer chegou a entrar em prova já que foi suspenso pela própria equipa na véspera do prólogo em virtude se ter automedicado com um produto que continha efederina. Contudo, a rápida decisão da Cervélo de excluir Florencio não foi recompensada com a autorização por parte da organização para o substituir - a equipa suíça alinhou assim na partida em Roterdão com apenas oito ciclistas.

Y de Yaroslav Popovych, um dos mais notáveis "aguadeiros" do pelotão. Nem todos os ciclistas vão ao Tour para ganhar o que quer que seja mas o sucesso dos melhores depende em grande parte da ajuda de homens como o ucraniano da Radioshack. 'Popo', que até já terminou uma vez no top ten da Volta a França - foi oitavo na edição de 2007 -, ficou-se pelo 85º posto final mas é digno de destaque por representar todos os ciclistas que esquecem as ambições pessoais e realizam um trabalho quase invisível em prol das respectivas equipas e líderes.

Z de Zaragatas. Este Tour não foi parco em confusões: teve cabeçadas, murros e traições entre colegas de equipa. Se Renshaw acabou expulso pelas cabeçadas que deu a Julian Dean durante o sprint, Carlos Barredo (Quick Step) e Rui Costa (Caisse d'Épargne) safaram-se de boa ao receberem apenas uma multa depois de se terem envolvido em cenas de pancadaria após cruzarem a meta da sexta etapa, com o espanhol a agredir o português com a roda dianteira da sua bicicleta. Estes dois casos foram visíveis a todos mas, na Ag2r, viveu-se uma situação igualmente complicada: na 15ª etapa, John Gadret recusou-se a dar a sua roda a Nicolas Roche - o melhor classificado da equipa - quando este furou a seis quilómetros da chegada ao alto, embora o irlandês tivesse prioridade na hierarquia da Ag2r. A julgar pelas duras palavras de Roche no seu blog, o ambiente na equipa francesa na última semana do Tour deve ter sido de cortar à faca...

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 14:45


domingo, julho 25, 2010

Tour de France - Etapa 20

» Cavendish triunfa em Paris, Contador confirma conquista do terceiro Tour


Foto GETTY IMAGES

+ Depois de três semanas de dura competição, a Volta a França 2010 terminou hoje em Paris com a subida de Alberto Contador (Astana) ao lugar mais alto do pódio. Contudo, se o espanhol, agora tricampeão, aprofundou a sua marca na história do Tour, também um outro ciclista entrou para o livro dos recordes ao tornar-se no primeiro a vencer pelo segundo ano consecutivo a etapa com final nos Campos Elísios: à semelhança do que se passou em 2009, Mark Cavendish (HTC Columbia) impôs-se no sprint colectivo e cortou a meta com metros de vantagem sobre os adversários. Embora a camisola verde tenha ficado para Alessandro Petacchi (Lampre), o inglês terminou o Tour em grande, conquistando a sua quinta vitória em etapas e demonstrando mais uma vez porque é considerado o melhor sprinter da actualidade.

+ Em concordância com a tradição de fechar a Volta a França com uma etapa essencialmente de consagração. o percurso de hoje resumia-se apenas a 102 km entre Longjumeau e a meta instalada nos Campos Elísios, com os cinquenta quilómetros finais a serem percorridos em circuito no centro de Paris. A tentativa da Radioshack de envergar um equipamento alusivo à fundação de Lance Armstrong - a Livestrong - acabou por atrasar em alguns minutos a partida real para a prova, já que todos os ciclistas da equipa norte-americana foram obrigados a vestir as camisolas habituais. No entanto, num dia em que os primeiros cinquenta quilómetros foram cumpridos em ritmo de passeio, este foi apenas mais dos factores que retardou a chegada do pelotão a Paris. Contudo, a entrada no circuito final rapidamente recordou todos os ciclistas que ainda havia uma etapa por discutir. Uma sequência de ataques permitiu a formação de uma fuga mas o pelotão manteve a distância sempre sob controlo, absorvendo o grupo de ciclistas escapados no início da última volta ao circuito. Sem o habitual comboio da HTC-Columbia, Mark Cavendish posicionou-se na roda de Petacchi à entrada para a última curva antes da meta e, quando finalmente arrancou para o sprint, nenhum outro ciclista teve pernas para ele. Alessandro Petacchi confirmou a conquista da camisola verde com o segundo lugar no sprint, enquanto o vencedor do ano passado, Thor Hushovd (Cervélo), perdeu mesmo o segundo posto na classificação por pontos para Cavendish em virtude do modesto sétimo lugar na etapa.

+ Sem problemas nesta tirada final do Tour 2010, Alberto Contador celebrou o seu terceiro triunfo na mais famosa prova velocipédica do mundo com um tempo acumulado de 91h58'48'', menos trinta e nove segundos do que o segundo classificado Andy Schleck (Saxo Bank). Se muitos já acreditam que o espanhol igualará o feito do seu compatriota Miguel Indurain, também é difícil não imaginar uma vitória no Tour no futuro de Schleck. Desta feita, porém, o luxemburguês teve que se contentar com o segundo lugar da geral... e a vitória na classificação da juventude pelo terceiro ano consecutivo, igualando o recorde de Jan Ullrich. Regressando às contas da classificação geral, Denis Menchov (Rabobank) arrecadou o seu primeiro pódio na Grande Boucle, registando 2'01'' de perda em relação ao grande vencedor. Samuel Sánchez (Euskaltel Euskadi) e Jurgen van den Broeck (Lotto) foram quarto e quinto classificados, respectivamente a 3'40'' e 6'54'', enquanto o ciclista da Rabobank Robert Gesink - o segundo na classificação da juventude - terminou na sexta posição, com 9'31'' de perda. Ryder Hesjedal (Garmin) beneficiou do abandono do seu chefe-de-fila, Christian vande Velde, para surpreender com um excelente sétimo lugar final, a 10'15'', à frente de Joaquín Rodriguez (Katusha), com 11'37'' de atraso em relação a Contador. O top ten desta edição do Tour é fechado pelo jovem Roman Kreuziger (Liquigas) e pelo veterano Chris Horner (Radioshack), respectivamente a 11'54'' e 12'02'' do vencedor. Entre os restantes ciclistas, o destaque vai para dois grandes nomes que cumpriram a sua última Volta a França: Christophe Moreau (Caisse d'Épargne) e Lance Armstrong (Radioshack) despediram-se do Tour nas 22ª e 23ª posições finais, a 34'01'' e 39'20'' do vencedor. No caso do heptacampeão do Tour, o resultado ficou bem aquém das suas expectativas mas, graças à vitória da Radioshack na classificação por equipas, o 'boss' pôde pisar por uma última vez o pódio de Paris.

+ Em relação aos restantes prémios, e como já foi referido, Alessandro Petacchi arrecadou a camisola verde, surpreendendo tudo e todos já que ninguém o colocava entre os favoritos a esta classificação no início da prova. O italiano venceu duas etapas, foi regular nos restantes sprints e conseguiu passar as montanhas - o seu calcanhar de Aquiles - para reclamar pela primeira vez na carreira a camisola dos pontos. Agora resta esperar que a investigação ao ciclista da Lampre que actualmente decorre no seu país de origem não venha a ditar a desclassificação deste Tour... Entretanto, Anthony Charteau (BBox) e Sylvain Chavanel (Quick Step) alegraram o público francês ao subirem ao pódio dos Campos Elísios como vencedores, respectivamente, da classificação de montanha e do prémio de supercombatividade.

+ Quanto aos portugueses, Sérgio Paulinho (Radioshack) concluiu a sua terceira Volta a França na 46ª posição da geral, a 1h25'43'', e subiu também pela terceira vez ao pódio dos Campos Elísios como elemento da equipa vencedora da classificação colectiva. Já Rui Costa (Caisse d'Épargne) - 73º classificado, a 2h12'28'' - teve a satisfação de chegar pela primeira vez na carreira a Paris, depois de, no ano passado, a sua participação ter tido um fim precoce devido a uma queda. Na classificação relativa à camisola branca, Rui Costa foi ainda o 12º classificado entre os trinta e dois ciclistas que terminaram a prova.

+ Por este ano, a Volta a França terminou hoje - mas só na estrada, já que amanhã haverá um balanço final da prova aqui no Livre Indirecto.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:59



Fórmula 1: Alemanha

» Ordens de equipa ditam vitória polémica de Alonso


Foto ASSOCIATED PRESS

FÓRMULA 1 | GP Alemanha » classificações » pilotos » construtores

+ A corrida de Fórmula 1 disputada hoje no circuito de Hockenheim terminou manchada por uma situação polémica: ainda que as ordens de equipa sejam proibidas, a Ferrari terá instruído Felipe Massa a facilitar a ultrapassagem de Fernando Alonso, que viria assim a vencer a prova. Como a ordem não foi explícita, o resultado será validado mas a construtora italiana não se livra de uma pesada multa. Porém, acaba por ser um castigo pequeno quando a "recompensa" desta manobra de bastidores é a reentrada de Fernando Alonso na discussão pelo título mundial...

+ Ofuscada pela Red Bull e pela McLaren ao longo de toda a temporada, a Ferrari voltou às prestações de topo neste Grande Prémio da Alemanha. Na qualificação, Alonso ficou apenas a vinte milésimas de segundo de bater Sebastian Vettel (Red Bull) para a pole position, enquanto Massa registou o terceiro tempo. Contudo, o arranque para a prova proporcionou a inversão das posições: a tentativa de defesa de Vettel em relação a Alonso abriu caminho para Felipe Massa saltar da terceira posição para a liderança da corrida, enquanto o seu colega de equipa conseguia igualmente ultrapassar o rival da Red Bull. A partir daí, os dois Ferrari rapidamente ganharam vantagem sobre os seus perseguidores, ficando a vitória na prova em discussão entre si. Alonso registou quase sempre tempos melhores do que o seu companheiro de equipa mas Massa defendeu com sucesso a sua posição até, na 47ª volta, o seu engenheiro lhe dizer no rádio que o bicampeão mundial estava mais rápido, perguntando-lhe de seguida se tinha percebido a mensagem. Poucas curvas depois, Massa deu a confirmação, com a saída lenta de uma curva a permitir a ultrapassagem de Alonso. No final do Grande Prémio, o brasileiro da Ferrari teve que se contantar com o segundo posto, à frente do Sebastian Vettel. Os pilotos da McLaren, Lewis Hamilton e Jenson Button, foram respectivamente quarto e quintos classificados, enquanto Mark Webber terminou na sexta posição. Robert Kubica (Renault) foi sétimo, superando os Nico Rosberg e Michael Schumacher, ambos da Mercedes. Os lugares pontuáveis foram fechados pelo outro piloto da Renault, Vitaly Petrov, o décimo classificado nesta prova.

+ No campeonato do mundo de pilotos, a liderança segue entregue a Lewis Hamilton, que soma 157 pontos contra os 143 de Button. Webber e Vettel estão empatados na terceira posição, com 136 pontos, enquanto Alonso continua como quinto classificado, agora com 123 pontos somados. Quanto à tabela de construtores, a McLaren naturalmente lidera, sendo perseguida de perto pela Red Bull. A Ferrari, por outro lado, regista já quase cem pontos de perda em relação à equipa inglesa, embora ocupe o terceiro posto da classificação de construtores.

+ O próximo Grande Prémio de Fórmula 1 terá lugar na Hungria, em Budapeste, daqui a uma semana. Ainda com oito provas para o final da temporada, ambos os campeonatos seguem em aberto - e a aparente recuperação da Ferrari poderá mesmo trazer novas surpresas já no próximo fim-de-semana.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 19:30


sábado, julho 24, 2010

Tour de France - Etapa 19

» Os trinta e nove segundos que fazem toda a diferença


Foto GETTY IMAGES

+ Um guionista de Hollywood não escreveria um final melhor: salvo um caso de azar extremo na etapa de amanhã, Alberto Contador (Astana) celebrará a sua terceira vitória na Volta a França com uma vantagem de trinta e nove segundos sobre Andy Schleck (Saxo Bank), precisamente o tempo que ganhou ao luxemburguês no já mais do que discutido "épisódio da corrente" da 15ª etapa. Contrariando a superioridade teórica do espanhol, Schleck ainda ameaçou a reviravolta nos primeiros quilómetros do contra-relógio de hoje mas Contador conseguiu manter a calma e acabou por fazer um registo trinta e um segundos mais rápido do que o seu rival. As emoções fortes geradas por esta luta intensa ofuscaram inclusivamente o grande vencedor da etapa, Fabian Cancellara (Saxo Bank), que mais uma vez confirmou o domínio total na disciplina do contra-relógio.

+ O percurso do único contra-relógio individual de longo curso do Tour 2010, com 52 km de extensão e perfil plano, ligou Bordéus a Pauillac. Os primeiros ciclistas a saírem para a estrada - entre os quais, Fabian Cancellara - foram beneficiados pela ausência de vento frontal, que mais tarde afectou os tempos dos melhores classificados na geral. Vencedor já do prólogo, 'Spartacus' cumpriu os 52 km em 1h00'56'' e viu o seu triunfo ameaçado apenas por Tony Martin (HTC Columbia), que ficou a dezassete segundos de bater o campeão do mundo de contra-relógio. Alberto Contador e Andy Schleck, os últimos a entrar em acção, encontraram já vento de frente e terminaram bem longe do registo de Cancellara: o espanhol foi 35º, a 5'43'', e o luxemburguês 44º, a 6'14'' do seu colega de equipa. Porém, o vento não justifica por si só a mais que modesta prestação de Contador neste contra-relógio. Aparentemente desconfortável na bicicleta - escorregava sobre o selim e era obrigado a reajustar a posição de quatro em quatro segundos -, o ex-campeão espanhol de contra-relógio andou longe do seu melhor, chegando a registar seis segundos de perda para Schleck à passagem do quilómetro vinte. A partir daí, contudo, o ritmo do luxemburguês começou a quebrar e Contador foi progressivamente aumentando a vantagem sobre o seu rival. No final, as lágrimas de "el pistolero" foram esclarecedoras: o terceiro Tour está ganho mas nunca Contador tinha encontrado um rival tão feroz, já que Schleck não só o igualou nas montanhas como demonstrou hoje que está melhorar no contra-relógio. Aliás, ainda que o espanhol não tenha estado nos seus melhores dias, os curtos vinte e um segundos de diferença entre os dois na etapa de hoje tem tanto de mérito de Andy Schleck como de demérito de Contador.

+ Se nada de anormal se passar amanhã, Contador sagrar-se-á então vencedor deste Tour por trinta e nove segundos de vantagem sobre Andy Schleck, o líder da classificação da juventude. No terceiro lugar do pódio estará Denis Menchov (Rabobank), que, graças a um excelente 11º lugar no contra-relógio, a 3'51'' de Cancellara, ultrapassou Samuel Sánchez (Euskaltel Euskadi) na classificação geral. Jurgen van den Broeck (Lotto) e Robert Gesink (Rabobank) seguraram a quinta e sexta posições, respectivamente, enquanto Joaquin Rodríguez (Katusha) perdeu o sétimo posto final para Ryder Hesjedal (Garmin). A fechar o top ten continuam Roman Kreuziger (Liquigas) e Chris Horner, com a curiosidade deste último ser o melhor representante da Radioshack, uma equipa com nomes como Lance Armstrong, Levi Leipheimer e Andreas Klöden... No entanto, e apesar de uma prestação longe das expectativas iniciais, a equipa norte-americana terá confirmado hoje o triunfo na classificação por equipas. Em relação às restantes classificações, Anthony Charteau (BBox) já tem garantida a vitória na tabela de montanha enquanto a camisola verde continua à mercê de Alessandro Petacchi (Lampre), o actual dono, Thor Hushovd (Cervélo) e Mark Cavendish (HTC Columbia). De consagração ou não, a etapa de amanhã promete pegar fogo à conta desta luta pela camisola dos pontos... Por fim, refira-se ainda que Sylvain Chavanel (Quick Step) subirá amanhã ao pódio de Paris para receber o prémio de super-combatividade.

+ Quanto aos dois portugueses ainda em prova, Sérgio Paulinho (Radioshack) e Rui Costa (Caisse d'Épargne) cumpriram o contra-relógio, respectivamente, com os 90º e 122º melhores registos, correspondentes à perda de 7'49'' e 9'02'' em relação a Cancellara. Apesar da prestação discreta, o ciclista da Radioshack mantém o 46º posto da geral, a 1h25'43'' de Contador, enquanto Rui Costa desceu apenas um lugar, encontrando-se em vias de completar o seu primeiro Tour na 73ª posição, a 2h12'28''.

+ A etapa de amanhã - a vigésima e última da Volta a França 2010 - sairá de Longjumeau com destino à já habitual consagração nos Campos Elísios, em Paris. O percurso de 102,5 km incluirá oito voltas ao circuito no centro da capital francesa, nas quais se contam dois sprints intermédios. Com a atribuição da camisola verde ainda por decidir, é provável que estes sprints sejam tão disputados quanto o da chegada à meta, logo, o dia de amanhã promete um final emocionante para a presente edição de La Grande Boucle.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 22:34


sexta-feira, julho 23, 2010

Tour de France - Etapa 18

» Cavendish conquista quarto triunfo, Contador segue de amarelo


Foto REUTERS

+ Tal como se previa, a 18ª etapa da Volta à França foi decidida em sprint colectivo. Mark Cavendish (HTC-Columbia) voltou a ser mais forte do que os restantes e garantiu a sua quarta vitória nesta edição da prova-rainha do ciclismo mundial. Caso vença nos Campos Elísios no domingo, o ciclista inglês terminará a prova apenas a um triunfo do registo do ano passado - nada mau para quem começou o Tour aparentemente tão longe do seu melhor...

+ Depois das difíceis montanhas dos Pirenéus, a jornada de hoje soube quase a descanso ao pelotão: os 198 km entre Salies-de-Béarn e Bordéus apresentavam perfil plano e a etapa foi disputada a um ritmo não muito elevado. Depois de uma primeira tentativa falhada, a fuga do dia formou-se à passagem pelo quilómetro onse, com Daniel Oss (Liquigas), Matti Breschel (Saxo Bank), Benoît Vaugrenard (FDJ) e Jérôme Pineau (Quick Step) a isolarem-se na frente da corrida. Contudo, a acirrada disputa pela camisola verde que tem animado este Tour manteve o pelotão sempre atento à vantagem do quarteto de ciclistas escapados, culminando na neutralização da fuga a quatro quilómetros da meta. Os 'comboios' dos sprinters entraram em acção e o sprint colectivo foi lançado, com Mark Cavendish a superar por larga distância Julian Dean (Garmin) e Alessandro Petacchi (Lampre), respectivamente segundo e terceiro classificados. O ciclista inglês falhará, provavelmente, a conquista da camisola verde mas a etapa de hoje foi mais uma demonstração da sua superioridade nos sprints colectivos.

+ Na véspera do contra-relógio individual, Alberto Contador (Astana) mantém os oito segundos de vantagem sobre Andy Schleck (Saxo Bank), segundo classificado da geral e líder da classificação da juventude. Na luta pelo terceiro lugar no pódio de Paris seguem Samuel Sánchez (Euskaltel Euskadi) - 3º. a 3'32'' - e Denis Menchov (Rabobank) - 4º a 3'53'', com Jurgen van den Broeck (Lotto) num não muito distante quinto lugar, a 5'27''. O top ten estará, à partida, fechado, já que o décimo classificado, Chris Horner (Radioshack), tem mais de dois minutos de vantagem sobre Luis-Léon Sánchez (Caisse d'Épargne), o ciclista imeditamente abaixo na tabela. Se a camisola de montanha já está mais do que entregue a Anthony Charteau (BBox), por outro lado, a luta pela camisola verde apenas terá o seu epílogo na chegada aos Campos Elísios. Em virtude de ter sido apenas o 14º classificado na etapa de hoje, Thor Hushovd (Cérvelo) voltou a ceder a camisola dos pontos a Alessandro Petacchi, que agora lidera com 213 pontos contra os 203 do norueguês e os 197 de Mark Cavendish. 'Alejet' é o favorito à vitória final mas o italiano não poderá descurar as ameaças representadas por Hushovd e Cavendish...

+ Os dois representantes nacionais ainda em prova concluíram a etapa integrados no pelotão, com Rui Costa (Caisse d'Épargne) a cruzar a meta no 89º posto e Sérgio Paulinho (Radioshack) no 93º. Consequentemente, a classificação geral de ambos não sofreu qualquer alteração: Sérgio Paulinho segue como 46º classificado e Rui Costa mantém-se na 72ª posição.

+ Amanhã será, certamente, o dia do juízo final para as contas da classificação geral: o contra-relógio de 52 km entre Bordéus e Pauillac decidirá o vencedor, o terceiro classificado, o top ten, ... enfim, tudo. Em relação à camisola amarela, Alberto Contador deverá ter vantagem sobre Schleck mas qualquer infortúnio do espanhol poderá reverter a situação a favor do seu rival luxemburguês. Entretanto, será também a última oportunidade de Contador vencer uma etapa no presente Tour, já que domingo é dia para os sprinters. Porém, para que tal aconteça, o ciclista da Astana terá que superar os especialistas do contra-relógio, entre os quais se destaca Fabian Cancellara (Saxo Bank).

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:59


quinta-feira, julho 22, 2010

Tour de France - Etapa 17

» Contador cede vitória no Tourmalet a Schleck mas defende a camisola amarela


Foto ASSOCIATED PRESS

+ É habitual dizer-se que a Volta a França se decide nas montanhas mas, após a última incursão nos Pirenéus deste Tour 2010, são apenas oito segundos que continuam a separar Alberto Contador (Astana) e Andy Schleck (Saxo Bank). Os dois primeiros classificados da geral isolaram-se dos restantes ciclistas a dez quilómetros do final, ultrapassaram os últimos sobreviventes da fuga do dia e, sem que nenhum conseguisse deixar o outro para trás, chegaram juntos à meta no alto do Tourmalet depois uma subida brilhante, sempre em ritmo elevado. Consciente de que o jogo está a seu favor não tanto pelos oito segundos de diferença sobre o rival mas pela vantagem teórica no contra-relógio individual de sábado, Contador nem sequer disputou a vitória com Schleck, permitindo que o luxemburguês somasse o segundo triunfo em etapas na presente edição da Volta a França.

+ Em ano de comemoração do centenário da primeira passagem pelos Pirenéus, a jornada de hoje perfilava-se, sem dúvida, como a etapa-rainha do Tour 2010: com saída de Pau, o percurso de 174 km incluía a Côte de Renoir (4ª categoria), o Col de Marie-Blanque (1ª categoria) e o Col du Soulor (1ª categoria), culminando na chegada ao alto ao Col du Tourmalet, de categoria especial. Seria difícil imaginar um cenário melhor para o tira-teimas entre Alberto Contador e Andy Schleck, os dois melhores trepadores da actualidade... O arranque relativamente suave da etapa permitiu que sete ciclistas escapassem do pelotão logo ao terceiro quilómetro. Contudo, o primeiro grande protagonista do dia acabaria por ser Samuel Sánchez (Euskaltel Euskadi), que viu a sua permanência em prova momentaneamente em risco após uma queda ao quilómetro vinte e cinco. Felizmente para a competição pelo pódio, não só pôde continuar em prova como o pelotão reduziu o ritmo para facilitar a sua reentrada. Depois deste incidente, a corrida manteve-se calma até à aproximação ao Tourmalet, quando a vantagem da fuga sobre o grupo do camisola amarela começou a diminuir. Carlos Sastre (Cervélo), que tentara juntar-se aos ciclistas escapados, foi apanhado ainda antes da última subida do dia, enquanto a fuga se começou a desintegrar já na própria contagem de montanha. Com o pelotão já muito reduzido, Andy Schleck lançou o seu primeiro ataque a dez quilómetros da meta. Alberto Contador foi o único que conseguiu responder à aceleração do luxemburguês, com os dois a deixarem os restantes adversários progressivamente para trás e a ultrapassarem Alexandr Kolobnev (Katusha) - o último sobrevivente da fuga - a pouco mais de oito quilómetros do final. Schleck ainda endureceu o ritmo por várias vezes mas 'el pistolero' nunca fraquejou; e, face à única tentativa de ataque de Contador, o ciclista da Saxo Bank também soube dar resposta imediata. Se, na chegada à meta, foi Schleck a inscrever o seu nome entre os grandes vencedores no Tourmalet, Contador também não ficou mal na fotografia ao "oferecer" a vitória ao seu rival: depois do 'caso da corrente', poderia haver melhor forma de reconquistar a opinião pública?

+ Na sequência desta etapa, Contador continua então como dono da camisola amarela por uns meros oito segundos de vantagem sobre Andy Schleck. A luta entre Samuel Sánchez e Denis Menchov (Rabobank)pelo lugar mais baixo do pódio segue igualmente ao rubro: apesar da queda no início da etapa de hoje, o espanhol - o quinto a cruzar a meta, a 1'32'' - conseguiu ganhar mais oito segundos de vantagem sobre Menchov, elevando a diferença na geral para vinte e um segundos (Sánchez encontra-se a 3'32'' do líder enquanto Menchov regista 3'53'' de atraso). Jurgen van den Broeck (Lotto) e Robert Gesink (Rabobank) conservam a quinta e sexta posições, respectivamente a 5'27'' e 6'41''. Joaquin Rodríguez (Katusha) e Ryder Hesjedal (Garmin) beneficiaram de um péssimo dia de Levi Leipheimer (Radioshack) - 43º na etapa, a 8'59'' - e Alexandre Vinokourov (Astana) - 49º classificado, a 10'45'' - para subirem ao sétimo e oitavo posto da geral. A má prestação do norte-americano e do cazaque na etapa de hoje atirou-os mesmo para fora do top ten da classificação geral, cedendo lugar a Roman Kreuziger (Liquigas) e Chris Horner (Radioshack), agora nono e décimo classificados. Nas contas da camisola branca, a liderança de Andy Schleck vai ficando cada vez mais cimentada, enquanto Anthony Charteau (BBox) viu hoje matematicamente garantida a vitória na classificação de montanha. Ao nível da camisola verde, Thor Hushovd sobreviveu a mais um dia duro nas montanhas para se manter como líder da tabela por pontos.

+ Quanto aos dois ciclistas portugueses ainda em prova, Sérgio Paulinho (Radioshack) foi o 42º a cruzar a meta, 8'59'' depois de Schleck e Contador e na companhia de Levi Leipheimer, e Rui Costa (Caisse d'Épargne) o 61º, com 12'05'' de atraso. Em virtude destes resultados, ambos subiram na classificação geral: Sérgio Paulinho ocupa agora o 46º lugar da tabela, a 1h'23'37'', enquanto o ciclista da Caisse d'Épargne ascendeu à 72ª posição da geral, com as 2h09'09'' de perda a corresponderem, para já, ao 11º posto da classificação da juventude.

+ O dia de amanhã assinala o regresso às etapas de perfil plano. Com a luta pela camisola verde ao rubro, os 198 km entre Salies-de-Béarn e Bordéus terminarão quase de certeza com uma chegada ao sprint em pelotão compacto - resta saber se os pontos relativos aos dois sprints intermédios também movimentarão o pelotão...

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:50


terça-feira, julho 20, 2010

Tour de France - Etapa 16

» Fuga termina com sprint para a vitória de Fédrigo, Contador mantém a liderança


Foto GETTY IMAGES

+ No terceiro dia dos Pirenéus, foi mais um francês que subiu ao pódio no final da etapa: Pierrick Fédrigo (BBox) entrou na fuga do dia e, na chegada à meta do grupo de nove ciclistas escapados, impôs-se no sprint para arrecadar a terceira vitória da sua carreira em etapas do Tour e elevar para seis o número de triunfos gauleses na presente edição da prova. Contudo, se, por um lado, o público francês tem motivos mais do que suficientes para festejar, por outro, muitos amantes da modalidade terão ficado desiludidos com o desfecho da etapa já que Lance Armstrong (Radioshack) - que andou na fuga desde o início - terá deixado escapar a sua derradeira oportunidade de somar uma última vitória ao currículo.

+ No perfil do percurso de 199,5 km entre Bagères-de-Luchon e Pau destacavam-se quatro grandes dificuldades para os ciclistas a participar na Volta a França: o Col de Peyresourde, ao quilómetro onze, e o Col d'Aspin, aos 42,5 km, ambos de primeira categoria; e os prémios de categoria especial do Col du Tourmalet, ao quilómetro setenta e dois, e do Col d'Aubisque, ao quilómetro cento de trinta e oito. O arranque logo a subir traduziu-se num início de etapa bastante agitado, com Armstrong a integrar uma das primeiras tentativas de fuga. A presença de homens perigosos para a geral no grupo de ciclistas escapados - entre os quais, Ryder Hesjedal (Garmin), Roman Kreuziger (Liquigas) e Alexandre Vinokourov (Astana) - obrigava o pelotão a impôr um ritmo forte na perseguição, o que, naturalmente, não augurava um final feliz para a fuga. Apercebendo-se do perigo, Sandy Casar (FDJ) isolou-se na frente da corrida na abordagem ao Tourmalet, enquanto o restante grupo se via absorvido pelo pelotão. Porém, não tardou que fosse novamente lançada uma fuga colectiva, com Lance Armstrong outra vez à cabeça do grupo de dez unidades. Os ciclistas escapados colaboraram entre si para aumentar a vantagem sobre o pelotão mas, já na ascensão ao Col d'Aubisque, Armstrong seria o primeiro a efectuar a primeira aceleração. Porém, o norte-americano não conseguiu distanciar os seus companheiros de fuga e, quando Fédrigo e Carlos Barredo (Quick Step) lançaram também os seus ataques, não teve pernas para responder de imediato. A fuga reagrupar-se-ia ainda antes da chegada ao alto e os agora nove ciclistas ciclistas - Ignatas Konovalovas (Cervélo) tinha ficado para trás - iniciaram a descida de sessenta quilómetros rumo à meta em conjunto. A quarenta cinco quilómetros do final, contudo, Carlos Barredo lançou um ataque e conseguiu isolar-se. O grupo de perseguidores manteve sempre a diferença para o espanhol sobre controlo e o ciclista da Quick Step acabaria por ser apanhado já sob a bandeira que assinala o último quilómetro da etapa. No sprint final para a meta, Fédrigo superou Sandy Casar e Ruben Plaza (Caisse d'Épargne) para garantir a terceira vitória francesa consecutiva.

+ No pelotão, nenhum dos favoritos esboçou qualquer tentativa de ataque nas várias contagens de montanha do dia. Nomes sonantes como Ivan Basso (Liquigas) e Cadel Evans (BMC) ficaram para trás logo nas primeiras subidas simplesmente por não conseguirem acompanhar o ritmo imposto pelo pelotão mas, entre os primeiros classificados da geral, apenas Samuel Sánchez (Euskaltel Euskadi) pareceu passar momentaneamente por dificuldades. O pelotão principal cortou a meta comandado por Thor Hushovd (Cervélo) e com 6'45'' de atraso em relação a Fédrigo. À semelhança do ano passado, o norueguês deu mais uma lição de combatividade ao passar as montanhas com os melhores para arrecadar os pontos relativos ao 10º lugar na etapa e, assim, recuperar a camisola verde. A classificação por pontos foi mesmo a única que sofreu alterações significativas, já que, nas restantes, os líderes se mantêm. Alberto Contador (Astana), aparentemente de pazes feitas com Andy Schleck (Saxo Bank), continua como dono da camisola amarela com oito segundos sobre o luxemburguês, segundo classificado da geral e primeiro da juventude. Já na tabela de montanha, e ainda que o "fugitivo" Christophe Moreau (Caisse d'Épargne) se tenha aproximado do primeiro lugar, também Anthony Charteau (BBox) conserva a liderança.

+ Em relação aos representantes nacionais em prova, tanto Rui Costa (Caisse d'Épargne) como Sérgio Paulinho (Radioshack) estiveram muito activos na etapa de hoje: o primeiro participou na fuga inicial, com Armstrong, Kreuziger e Vinokourov; o segundo, tentou também sair do pelotão por repetidas vezes mas sem sucesso. No final, chegaram ambos integrados no pelotão, respectivamente na 26ª e 53ª posições. Ao nível da classificação geral, o ciclista da Radioshack subiu ao 45º lugar, a 1h14'38'', enquanto Rui Costa saltou para o 73º posto, com 1h57'04'' de atraso em relação ao líder.

+ Amanhã será dia de descanso na Volta a França mas o regresso à estrada na quinta-feira promete emoções fortes. Com saída de Pau, a etapa de 174 km terminará no Tourmalet, depois de ter passado uma subida de quarta categoria e duas de primeira. A chegada ao alto será, certamente, palco de um intenso duelo entre Contador e Schleck, com o luxemburguês obrigado a atacar caso queira manter aspirações legítimas de chegar a Paris de amarelo.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 20:06


segunda-feira, julho 19, 2010

Tour de France - Etapa 15

» Voeckler é o herói do dia, Contador faz papel de vilão


Foto GETTY IMAGES

+ A 15ª etapa da Volta a França 2010 foi uma jornada de extremos: por um lado, Thomas Voeckler (BBox) levou o público francês ao delírio com uma vitória em Bagnères-de-Luchon; por outro lado, o dia ficou marcado pelas condições polémicas em que Alberto Contador (Astana) alcançou a camisola amarela. O espanhol beneficiou de um problema mecânico de Andy Schleck (Saxo Bank) na subida a Port de Balés para, em conjunto com Samuel Sánchez (Euskaltel) e Denis Menchov (Rabobank), roubar ao luxemburguês trinta e nove segundos na chegada à meta. A opinião pública parece estar inclinada a condenar Contador por antidesportivismo e a subida ao pódio do ciclista da Astana para receber a camisola amarela foi acompanhada de assobios. O espanhol já lançou um vídeo em que faz o "mea culpa", reafirmando que não se apercebeu de imediato do problema de Schleck mas admitindo que a manutenção do ritmo elevado até à meta não terá sido a atitude mais correcta - porém, se estes segundos se revelarem determinantes para o desfecho da Volta a França, muita tinta ainda correrá a propósito deste caso.

+ O percurso de 187,5 km entre Pamiers e Bagnères-de-Luchon compreendia quatro contagens de montanha: uma de quarta categoria, duas de segunda e, a vinte quilómetros da meta, a ascensão de categoria especial ao Port de Balès, com a etapa a terminar numa longa descida. Perante o perfil favorável ao sucesso de uma fuga, a partida real abriu desde logo as hostilidades no pelotão, sucedendo-se os ataques e contra-ataques. Contudo, a fuga do dia formar-se-ia já por volta do quilómetro oitenta, com Thomas Voeckler, Johan van Summeren (Lotto) e Alessandro Ballan (BMC) entre os dez elementos que compunham o grupo. Os ciclistas escapados trabalharam em conjunto para construir uma boa vantagem sobre o pelotão mas, a oito quilómetros do Port de Balès, já com o grupo reduzido a seis elementos, Voeckler lançou um ataque para se isolar na frente da corrida. O campeão francês de estrada distanciou os seus rivais com uma excelente ascensão e iniciou então a tortuosa descida rumo ao seu segundo triunfo no Tour e à quinta vitória francesa na presente edição, o melhor registo desde 1997.

+ No grupo de favoritos, a subida a Port de Balès foi também o palco dos grandes momentos. Ao contrário de ontem, Andy Schleck estava disposto a atacar mas, na sua primeira tentativa, foi logo seguido por Contador, Sánchez, Menchov e Jurgen van den Broeck (Lotto). A quatro quilómetros do cume, deu-se então o caso do dia: Schleck apanhou Contador distraído e ganhou uns metros sobre o grupo, apenas com Alexandre Vinokourov (Astana) a responder de imediato; ao ver o ciclista cazaque a aproximar-se, o camisola amarela fez uma troca de mudança abrupta e a corrente ressentiu-se, saltando da pedaleira. Contador, que elevara o ritmo para seguir o seu rival, passou por Schleck quando este se encontrava já praticamente parado, logo, é dúbio que o espanhol não se tenha apercebido de que algo de anormal se passava com o luxemburguês. Aliás, embora tenha optado por continuar com Sánchez e Menchov, foram visíveis alguns olhares para trás hesitantes. Se, por um lado, há um código de honra em relação ao camisola amarela, por outro, Andy Schleck já teve um indulto na segunda etapa deste Tour 2010, com o pormenor de, no dia seguinte, quando Contador ficou preso na queda do seu irmão Frank, não ter aguardado pelo ciclista da Astana. Admitindo que esta é uma área "cinzenta" do ciclismo, Alberto Contador não deve ser crucificado pelos acontecimentos de hoje: em primeiro lugar, a componente mecânica é um factor intrínseco deste tipo de desportos - por exemplo, nunca se viu na Fórmula 1 alguém ficar à espera de um piloto que tenha sofrido um furo; em segundo lugar, caso o mesmo tivesse sucedido ao espanhol, o 'pistolero' ainda dispunha do apoio de Vinokourov, enquanto Schleck seguia já sozinho.

+ Alberto Contador, Samuel Sánchez e Denis Menchov foram, então, sétimo, oitavo e nono classificados na etapa, tendo cruzado a meta 2'50'' depois de Thomas Voeckler. O grupo de Andy Schleck - que integrava também Vinokourov e Jurgen van den Broeck (Lotto) - concluiu a tirada com 3'29'' de perda em relação ao vencedor, confirmando a inversão de posições no topo da classificação geral. Em consequência, Contador é o novo camisola amarela, com uns escassos oito segundos de vantagem sobre Schleck. Sánchez é o terceiro classificado, a 2'00'' do líder e com apenas treze segundos de vantagem sobre Menchov, enquanto Jurgen van den Broeck mantém algumas esperanças na quinta posição, a 3'39'' do líder. A luta pelo sexto lugar segue animada, com Robert Gesink (Rabobank), Levi Leipheimer (Radioshack) e Joaquin Rodríguez (Katusha) separados por menos de quarenta e cinco segundos, embora já com mais de cinco minutos de perda para o camisola amarela. O top ten da geral é fechado por Alexandre Vinokourov e Ryder Hesjedal (Garmin), respectivamente nono e décimo classificados a 7'12'' e 7'51''. Em relação às restantes classificações, Andy Schleck segue como líder da tabela da juventude, tal como as camisolas da montanha e da regularidade continuam entregues a Anthony Charteau (BBox) e Alessandro Petacchi (Lampre).

+ Quanto aos portugueses ainda em prova neste Tour 2010, Sérgio Paulinho (Radioshack) foi 50º na etapa, a 9'35'' de Voeckler, enquanto Rui Costa (Caisse d'Épargne) cruzou a meta na 153ª posição, integrado no gruppetto e a 28'49''´do vencedor. Na classificação geral, Paulinho subiu ao 50º posto, com 1h14'38'' de perda em relação a Contador, e Rui Costa caiu para o 87º lugar, a quase duas horas de distância do tempo do novo líder.

+ A etapa de amanhã - a última antes do segundo dia de descanso desta Volta a França - ligará Bagnères-de-Luchon a Pau. Os 199,5 km de extensão incluirão quatro subidas de alto índice de dificuldade: as contagens de primeira categoria do Col de Peyresourde e do Col d'Aspin e as ascensões de categoria especial ao Col du Tourmalet e ao Col d'Aubisque. Com as montanhas concentradas nos dois primeiros terços da etapa, os sessenta quilómetros finais serão de descida em direcção à meta.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:59


domingo, julho 18, 2010

Tour de France - Etapa 14

» Vitória de Riblon, duelo táctico entre Schleck e Contador


Foto GETTY IMAGES

+ A primeira etapa nos Pirenéus prometia muito mas a realidade ficou bem aquém das expectativas: a marcação homem a homem de Andy Schleck (Saxo Bank) a Alberto Contador (Astana) anulou qualquer hipótese de espectáculo e apenas o excelente triunfo de Christophe Riblon (Ag2r) abrilhantou a jornada. Se, do ponto de vista táctico, a "guerra fria" entre os dois ciclistas melhor classificados na Volta a França até rendeu alguns momentos interessantes, por outro lado, é impossível não lamentar a falta de ataques demolidores nas subidas a Port de Pailhères e a Ax 3 Domaines.

+ A estrela da 14ª etapa do Tour 2010 foi mesmo Riblon, que conquistou a sua primeira vitória na prova-rainha do ciclismo mundial após integrar uma fuga ao quilómetro 25 dos 184,5 entre Revel e Ax 3 Domaines. Embora a vantagem do grupo de nove ciclistas escapados tenha ultrapassado os dez minutos, o ritmo imposto pela Astana na aproximação ao Port de Pailhères - contagem de montanha de categoria especial, com início a menos de cinquenta quilómetros da meta - apontava para a neutralização da fuga. Perante a crescente pressão do pelotão, foi nesta subida que Christophe Riblon lançou o ataque que o deixaria isolado na frente da corrida até ao final da etapa. Beneficiado, em parte, pelo duelo táctico entre Schleck e Contador que atrasou as movimentações no grupo de favoritos, o francês da Ag2r também fez valer as suas capacidades para conquistar uma vitória inédita no seu currículo: os riscos assumidos na descida entre o Port de Pailhères e a ascensão a Ax 3 Domaines foram recompensados pelo aumento da vantagem sobre os perseguidores, permitindo a Riblon apostar numa cadência 'certinha' na contagem final do dia para ser o primeiro a cruzar a meta.

+ Entretanto, no grupo de favoritos, viam-se nomes como Bradley Wiggins (Team Sky), Cadel Evans (BMC) Levi Leipheimer (Radioshack) e Ivan Basso (Liquigas) a ficarem para trás. Com Schleck sempre na roda de Contador, foi o espanhol que esboçou duas tentativas de ataque já na última subida da etapa, às quais o camisola amarela respondeu sem dificuldade. O impasse entre os dois abriu então uma janela de oportunidade para Samuel Sánchez (Euskaltel Euskadi) e Denis Menchov (Rabobank), que atacaram nos dois quilómetros finais da contagem de montanha enquanto Schleck e Contador ficavam a ver. A percepção do perigo representado por Sánchez e Menchov acabou por funcionar como um tónico, com primeiro e segundo classificados da geral a colaborarem na aproximação à meta para minimizarem as perdas. O russo e o eepanhol terminaram a etapa a 54'' do vencedor, na segunda e terceira posição, respectivamente, enquanto Schleck e Contador chegaram à meta acompanhados por Joaquin Rodrígues (Katusha), Robert Gesink (Rabobank) e Jurgen van den Broeck (Lotto) com 1'08'' de perda para Riblon. Entre os derrotados do dia contam-se Levi Leipheimer - 11º, a 1'53'' -, Luis Léon-Sánchez (Caisse d'Épargne) - 14º, a 2'02'' -, Ivan Basso - 21º, a 2'30 - e Bradley Wiggins - 36º, a 4'59''.

+ Ao nível da classificação geral, Andy Schleck mantém os 31'' de vantagem sobre Contador mas viu a distância sobre Sánchez e Menchov encurtada, respectivamente, para 2'31'' e 2'44''. Van den Broeck é o quinto da geral, a 3'31'', enquanto Gesink usurpou o sexto posto a Leipheimer, com 4'27'' de perda para o líder. O norte-americano da Radioshack é sétimo, a 4'51'', com Joaquin Rodríguez a apenas sete segundos de distância, no oitavo lugar. O top ten é encerrado por Luis Léon Sánchez - nono, a 5'56'' - e Ivan Basso - décimo, a 6'52''. Em relação às restantes classificações, não se registou qualquer aletração significativa: a camisola branca segue com Schleck, Anthony Charteau (Bbbox) continua como rei das montanhas e Alessandro Petacchi (Lampre) sobreviveu a uma etapa dura para manter a liderança da classificação por pontos.

+ Entre os representantes de Portugal em prova, Sérgio Paulinho (Radioshack) foi 74º na etapa, a 15'14'' do vencedor, enquanto Rui Costa (Caisse d'Épargne) terminou como 89º, a 20'43''. Na geral, o ciclista da Radioshack desceu para a 56ª posição, a 1h08'24'' do camisola amarela, e Rui Costa subiu ao 82º lugar, a mais de hora de meia do líder.

+ A etapa de amanhã, com 187,5 km de extensão, ligará Pamiers a Bagnères-de-Luchon. Os ciclistas passarão por uma contagem de quarta categoria e duas de segunda antes de subirem ao Port de Balès, de categoria especial mas com o cume ainda a vinte quilómetros da meta. Esta longa descida em direcção à meta poderá promover o sucesso de uma fuga ou de um ataque lançado na subida final.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:40


sábado, julho 17, 2010

Tour de France - Etapa 13

» Ataque solitário dá triunfo a Vinokourov, Schleck entra nos Pirenéus de amarelo


Foto REUTERS

+ Não foi ontem, foi hoje: depois do ataque fora de tempo de Alberto Contador (Astana) lhe ter negado a vitória na chegada a Mende, Alexandre Vinokourov (Astana) comemorou esta tarde o triunfo na 13ª etapa do Tour 2010. O cazaque - um dos ciclistas do pelotão internacional que mais espectáculo proporciona - atacou a sete quilómetros da meta e lançou-se num autêntico contra-relógio individual para cumprir o seu objectivo pessoal de ganhar uma etapa no regresso à Volta à França. Aliviada a tensão com Contador, 'Vino' estará agora ao serviço do seu chefe-de-fila na Astana.

+ Com 196 km a percorrer entre Rodez e Revel, o pelotão viu um trio de luxo - Sylvain Chavanel (Quick Step), Juan Antonio Flecha (Team Sky) e Pierrick Fédrigo (BBox) - isolar-se na frente da corrida logo à passagem do quilómetro cinco. Apesar da qualidade dos ciclistas escapados, o trabalho das equipas dos sprinters acabou por anular a fuga a dez quilómetros da meta. Com o pelotão reagrupado para a abordagem à Côte de Saint-Ferréol, de terceira categoria, Alessandro Ballan (BMC) foi o primeiro a lançar o ataque mas seria Alexandre Vinokourov a conseguir fugir rumo à vitória na etapa. Mesmo com as equipas dos sprinters a comandarem novamente a perseguição, 'Vino' nunca olhou para trás e, graças a uma descida temerária em direcção à meta, pôde celebrar o triunfo com treze segundos de vantagem sobre o pelotão. No sprint pelos pontos, Mark Cavendish (HTc-Columbia) bateu Alessandro Petacchi (Lampre) e Edvald Boasson Hagen (Team Sky) para arrecadar o segundo lugar na etapa do dia.

+ Na classificação geral da Volta a França, não há a registar alterações significativas após esta etapa: Andy Schleck (Saxo Bank) segue como líder com 31'' de vantagem sobre Alberto Contador e 2'45'' sobre Samuel Sánchez (Euskaltel Euskadi). Também nas classificações da juventude e da montanha continua tudo igual, com Schleck a liderar a primeira e Anthony Charteau (BBox) a comandar a segunda. Em contrapartida, a luta pela camisola verde não podia estar mais renhida: o oitavo lugar de Thor Hushovd (Cervélo) no sprint de hoje permitiu a Petacchi recuperar mais uma vez a liderança da tabela dos pontos, enquanto Mark Cavendish se vai cada vez mais aproximando dos seus rivais. A hipótese da camisola verde só conhecer o seu dono final na sequência do sprint nos Campos Elísios começa cada vez mais a tornar-se uma realidade...

+ Nesta 13º etapa do Tour, Sérgio Paulinho (Radioshack) foi 86º, a 1'34'' do vencedor, enquanto Rui Costa (Caisse d'Épargne) cruzou a meta já 4'35'' depois de Vinokourov, na 114ª posição. Ao nível da classificação geral, Paulinho subiu ao 54º posto, a 54'18'' do líder, e Rui Costa desceu para a 84ª posição, somando 1h'12'01'' de perda em relação a Schleck.

+ A Volta a França 2010 entra amanhã na sua fase decisiva: a 14ª etapa, com 184,5 km de extensão, assinala a entrada nos Pirenéus com a ascensão ao Port de Pailhères (categoria especial) e a chegada ao alto de Ax 3 Domaines, de primeira categoria. As duas subidas localizam-se já nos quarenta quilómetros finais do dia e prometem muitas movimentações e ataques. Ainda há muita montanha pela frente mas a jornada de amanhã é daquelas que promte ter impacto directo no desfecho desta edição do Tour.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 19:45


sexta-feira, julho 16, 2010

Tour de France - Etapa 12

» Rodríguez vence etapa, Contador rouba segundos a Schleck


Foto GETTY IMAGES

+ Joaquin Rodríguez (Katusha) foi o vencedor da tirada entre Bourg-de-Péage e Mende mas o triunfo do espanhol perde destaque para o ataque do compatriota Alberto Contador (Astana) nos quilómetros finais do dia. A uma etapa da entrada nos Pirenéus, o bicampeão do Tour deixou um aviso claro a Andy Schleck (Saxo Bank) sobre o que o espera nas grandes etapas de montanha. Para já, a vantagem continua a pertencer ao luxemburguês mas os dez segundos roubados por Contador - mais simbólicos do que determinantes para o desfecho da prova - constituem uma autêntica declaração de guerra pela camisola amarela.

+ Os 210,5 km do dia ofereciam cinco contagens de montanha de categoria intermédia, das quais a última - a subida Laurent Jalabert, de segunda categoria - terminava apenas a dois quilómetros da meta. O perfil do percurso favoreceria, à partida, o sucesso de uma fuga, logo, a primeira hora da etapa ficou marcada por vários ataques falhados. Nesse sentido, foi já depois do quilómetro cinquenta, na ascensão ao Col des Nonières, que, por fim, um grupo de dezoito (!) ciclistas conseguiu escapar ao pelotão. A fuga manteve-se intacta até à aproximação à subida final, quando, sob a pressão por parte do pelotão, Alexandre Vinokourov (Astana), Vasil Kiryienka (Caisse d'Épargne), Andreas Klöden (Radioshack) e Ryder Hesjedal (Garmin) se isolaram na frente da corrida. O cazaque e o bielorrusso conseguiram ainda deixar para trás os dois companheiros de fuga que restavam mas o ataque de Contador e Rodríguez pôs termo a qualquer ambição de vitória por parte da dupla. No final, Contador ainda lutou pela vitória na etapa mas Jaquin Rodríguez conseguiu impôr-se no sprint para a meta. Vinokourov, o ciclista mais combativo do dia mas que se viu privado de um triunfo pelo ataque do seu próprio colega de equipa, foi o terceiro a cortar a meta, a quatro segundos, enquanto Andy Schleck terminou a etapa com dez segundos de perda, acompanhado por Klöden, Samuel Sánchez (Euskaltel Euskadi) e Denis Menchov (Rabobank).

+ Na classificação geral, a vantagem de Andy Schleck sobre Alberto Contador foi assim encurtada para trinta e um segundos. No terceiro posto segue Samuel Sánchez, a 2'45'', com Menchov à espreita do pódio na quarta posição, a 2'58''. Nas contas da camisola branca, Schleck aumentou para 4'27'' a diferença em relação a Robert Gesink (Rabobank), que mantém a sétima posição da geral e a segunda da juventude. Na luta pela camisola verde, Thor Hushovd (Cervélo) recuperou a liderança perdida ontem para Alessandro Petacchi (Lampre): o ciclista norueguês demonstrou grande inteligência táctica ao entrar na fuga do dia para arrecadar os pontos relativos aos sprints intermédios. Por fim, em relação à camisola de montanha, continua a assitir-se a um duelo de franceses: Jérôme Pineau (Quick Step) não entrou na fuga e Anthony Charteau (BBox) aproveitou as várias contagens de montanha para voltar a vestir a camisola às bolinhas vermelhas.

+ Dos portugueses em prova, Rui Costa (Caisse d'Épargne) foi o que mais se destacou na etapa, tendo entrado numa das primeiras tentativas de fuga. Contudo, o ciclista natural da Póvoa de Varzim acabaria por ter um final de etapa difícil, terminando na 119ª posição, a 5'38'' do vencedor. Sérgio Paulinho (Radioshack), por outro lado, foi o 67º classificado do dia, cruzando a meta com 3'35'' de perda em relação a Rodríguez e Contador. Na classificação geral, o ciclista da Radioshack mantém-se como o representante nacional melhor classificado - é 56º, a 52'57'' do líder -, enquanto Rui Costa ocupa a 83ª posição, a 1h07'39'' do camisola amarela.

+ A etapa de amanhã ligará Rodez a Revel através de um percurso de 196 km de extensão. No dia que precede a entrada nos Pirenéus, os ciclistas terão pela frente uma etapa de perfil acidentado, contado três subidas de quarta categoria e duas de terceira, a última das quais a menos de dez quilómetros da meta.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:59


quinta-feira, julho 15, 2010

Tour de France - Etapa 11

» Terceiro triunfo de Cavendish manchado pela expulsão de Mark Renshaw


Foto GETTY IMAGES

+ Depois dos Alpes, e no regresso aos sprints colectivos, a décima primeira etapa da Volta a França terminou com a vitória de Mark Cavendish (HTC-Columbia). Contudo, o terceiro triunfo do ciclista inglês na presente edição do Tour ficou envolto em polémica: nos metros finais da prova, o seu lançador de sprint, Mark Renshaw (HTC-Columbia), atacou à cabeçada Julian Dean, que cumpre as mesmas funções na Garmin ao serviço de Tyler Farrar. Embora Cavendish não tenha sido destituído da vitória, a organização não esteve com meias medidas e decidiu de imediato expulsar Renshaw da prova. As acções do australiano são indefensáveis mas Cavendish terá certamente a lamentar a perda do seu companheiro de equipa mais importante.

+ Em relação à etapa propriamente dita, o percurso de hoje, com 184,5 km de extensão, conduziu o pelotão de Sisteron até Bourg-lès-Valence. O primeiro quilómetro do dia assinalou o ataque de Stéphane Augé (Cofidis), José-Alberto Benitez (Footon-Servetto) e Anthony Geslin (FDJ), com o trio a conseguir isolar-se na frente da corrida. Contudo, a fuga nunca fugiu ao controlo do pelotão e os ciclistas escapados acabaram por ser apanhados a pouco mais de vinte quilómetros da meta. Com tentaivas de ataque de última hora - nomeadamente de Yaroslav Popovych (Radioshack) e Sylvain Chavanel (Quick Step) - a exponenciar a velocidade já de si elevada a que rolavam os ciclistas nos quilómetros finais, o pelotão dividiu-se em vários grupos mas os principais sprinters conseguiram manter-se na frente. No despique final, e apesar do "comboio" da HTC-Columbia o ter deixado sozinho mais cedo do que o recomendável, Mark Cavendish foi o primeiro a cruzar a meta, impondo-se a Alessandro Petacchi (Lampre) e Tyler Farrar - o americano da Garmin consegui ser terceiro mesmo depois do seu lançador, Julian Dean, ter sido o alvo das cabeçadas de Renshaw. Os ciclistas melhor colocados na classificação geral chegaram igualmente dentro deste grupo, enquanto Lance Armstrong chegou 29'' depois. Afundado na classificação geral, este meio minuto de perda já pouca ou nenhuma diferença lhe faz mas a verdade é que o 'Boss' está inreconhecível no Tour deste ano...

+ A camisola amarela segue nas mãos de Andy Schleck (Team Saxo Bank), que conserva 41'' de vantagem sobre Alberto Contador (Astana) e 2'45'' sobre Samuel Sánchez (Euskaltel-Euskadi). O ciclista luxemburguês mantém-se também como líder da classificação da juventude, tal como Jérôme Pineau continua dono da camisola às bolinhas vermelhas. Por outro lado, a etapa de hoje produziu alterações na classificação por pontos, relativa à camisola verde: Thor Hushovd (Cervélo) foi apenas sétimo no sprint de chegada à meta e perdeu a liderança para Petacchi, que soma agora mais quatro pontos do que o rival norueguês.

+ Quanto aos portugueses em prova, Sérgio Paulinho (Radioshack) pagou o esforço de ontem com a 152ª posição na etapa de hoje, alcançando a meta integrado num grupo com 7'41'' de atraso em relação ao vencedor. O mais recente vencedor nacional na Volta a França caiu assim para o 58º lugar da geral, a 49'32'' do líder. Entretanto, Rui Costa (Caisse d'Épargne) chegou com o grupo principal, no 104º posto, e ocupa a 80ª posição da classificação geral, com 1h02'11'' de perda.

+ A etapa de amanhã da Volta a França, entre Bourg-de-Péage e Mende, está classificada como plana mas contém algumas armadilhas para os ciclistas. Os seus 210 km de extensão incluem cinco contagens de montanha de segunda e terceira categoria, terminando numa chegada ao alto à Côte de la Croix-Neuve, também conhecida como subida Laurent Jalabert. Esta ascensão de segunda categoria poderá mesmo ser palco de alguns ataques, quer em busca da vitória na etapa, quer para recuperar tempo na classificação geral - em suma, será um ensaio geral para as etapas nos Pirenéus.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 20:52


quarta-feira, julho 14, 2010

Tour de France - Etapa 10

» Vitória de Sérgio Paulinho, Schleck segue de amarelo


Foto GETTY IMAGES

+ Que grande dia para o ciclismo português, em geral, e para Sérgio Paulinho em particular! Numa etapa em que o pelotão procurou sobretudo recuperar do esforço de ontem, o ciclista da Radioshack acertou na tentativa de fuga e demonstrou uma enorme astúcia na gestão do despique final com Vasil Kiryienka (Caisse d'Épargne) para conquistar a sua primeira vitória no Tour e a segunda em grandes voltas, depois do triunfo na Vuelta 2006. Mais de vinte anos depois da última vitória de um português na prova-rainha do ciclismo mundial - Acácio da Silva, 1989 -, Sérgio Paulinho tornou-se hoje no quarto representante nacional a conquistar uma etapa na Volta a França.

+ A décima etapa do Tour 2010, com 179 km de extensão, partiu esta manhã de Chambéry com destino a Gap, com o percurso a incluir a subida de primeira categoria à Côte de Laffrey. Depois de várias tentativas de fuga infrutíferas, o quilómetro quarenta acabou por assinalar a saída do pelotão de Sérgio Paulinho, Vasil Kiryienka, Dries Devenyns (Quick Step) e Mario Aerts (Lotto). Ao quarteto juntaram-se ainda os franceses Maxime Bouet (Ag2r) e Pierre Rolland (BBox), na expectativa de uma vitória no dia da Bastilha. A conjugação do ritmo certinho do grupo da frente com o pouco interesse do pelotão em persegui-lo fez com que a fuga rapidamente adquirisse mais de dez minutos de vantagem. Contudo, mesmo perante o sucesso iminente, o primeiro ataque entre os ciclistas escapados surgiu apenas a quinze quilómetros da meta: Aerts isolou-se por momentos na frente da prova, Devenyns respondeu ao ataque mas seria Sérgio Paulinho a lançar a arrancada decisiva, embora Kiryienka tenha conseguido recuperar e apanhar a roda do português. Daí para a frente, a dupla colaborou para distanciar os restantes companheiros de fuga, com a parceria a dar lugar ao jogo do gato e do rato a dois quilómetros da meta. O português da Radioshack escondeu-se atrás do rival bielorrusso até à entrada nos duzentos metros finais, quando arrancou para o sprint. Kiryienka foi lento na reacção e, apesar da recuperação de terreno nos últimos metros, acabou por ver Sérgio Paulinho cruzar primeiro a meta por pouco mais de dez centímetros. Num Tour até agora difícil para a Radioshack, a vitória do "gregário" português representa, para já, o ponto alto da participação da equipa norte-americana.

+ Os restantes ciclistas concluíram a etapa em pelotão compacto 14'19'' depois de Sérgio Paulinho. Nesse sentido, o topo da classificação geral não sofreu quaisquer alterações, com Andy Schleck (Saxo Bank) a manter a vantagem de 41'' e 2'45'' sobre Alberto Contador (Astana) e Samuel Sanchez (Euskaltel-Euskadi), respectivamente. O ciclista luxemburguês continua igualmente como líder da classificação da juventude, enquanto Thor Hushovd (Cervélo) conserva a camisola verde com sete pontos de vantagem sobre Alessandro Petacchi (Lampre). Por fim, nas contas da tabela de montanha, Jérôme Pineau (Quick Step) recuperou a camisola às bolinhas vermelhas que perdera ontem, somando apenas mais um ponto que Anthony Charteau (BBox).

+ Quanto à posição na geral de Sérgio Paulinho, o português ascendeu ao 54º posto, a 41'51'' do líder da prova. Entretanto, o outro representante das cores nacionais no Tour, Rui Costa (Caisse d'Épargne), foi 133º classificado, a 15'33'', e encontra-se na 83ª posição da geral, a 1h02'11'' de Andy Schleck.

+ A etapa de amanhã ligará Sisteron a Bourg-lès-Valence através de um percuro de 184,5 km de extensão. A única contagem de montanha do dia - de terceira categoria - será ao quilómetro cinquenta e seis, daí que se espere uma chegada em pelotão compacto com disputa da vitória ao sprint.

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 19:00


terça-feira, julho 13, 2010

Tour de France - Etapa 9

» Casar vence a etapa, Schleck veste a amarela pela primeira vez


Foto GETTY IMAGES

+ O público francês tem razões para sorrir: Sandy Casar (FDJ) conquistou a terceira vitória francesa em nove etapas em linha do Tour 2010. Contudo, ainda que o triunfo do ciclista da Française des Jeux tenha tido contornos heróicos, Andy Schleck (Saxo Bank) foi o grande vencedor do dia ao vestir pela primeira vez a camisola de líder da Volta a França. O anterior camisola amarela, Cadel Evans (BMC), passou um mau bocado nas montanhas desta nona etapa e a deixou a discussão pela vitória final na prova reduzida a Schleck e Alberto Contador (Astana), o único que até agora parece estar a aguentar os arranques do luxemburguês.

+ Numa Volta a França concebida para ser decidida nos Pirenéus, a segunda etapa nos Alpes voltou a fazer estragos nas ambições de muitos ciclistas. Os 204,5 km entre Morzine-Avoriaz e Saint Jean de Maurienne incluíam um total de cinco contagens de montanha, das quais duas de primeira categoria - o Col de la Colombière ao quilómetro 46 e o Col des Saisies ao 97 - e uma de categoria especial, o Col de la Madeleine, a pouco mais de trinta quilómetros da meta. Com tanta montanha pela frente, o pelotão não facilitou a formação da fuga do dia mas o grupo de escapados viria a incluir o já referido Sandy Casar, Luis León Sánchez (Caisse d'Épargne), Damiano Cunego (Lampre), Christophe Moreau (Caisse d'Épargne) e Anthony Charteau (BBox). Se as primeiras dificuldades só deixaram para trás ciclistas com poucas ambições para a geral, o início da subida ao Col de la Madeleine com a Astana a impôr um ritmo infernal destruiu por completo o pelotão. Cadel Evans, a correr com um cotovelo fracturado na sequência de uma queda na etapa de domingo, acabaria por ser a primeira baixa de vulto mas também Bradley Wiggins (Team Sky) e Carlos Sastre (Cervélo) ficaram rapidamente "apeados". Andy Schleck atacou por três vezes na tentativa de se livrar de Contador mas, perante a resposta do líder da Astana, o luxemburguês e o espanhol optaram por unir esforços para se distanciarem dos mais directos rivais. Com a fuga a perder cada vez mais tempo para esta "dupla maravilha", os quilómetros finais acabaram por providenciar emoções fortes: Moreau e Charteau foram apanhados sob a "flame rouge" mas Casar, Cunego e Sánchez mantiveram uma vantagem marginal para discutirem entre si a vitória na etapa, com o francês a levar a melhor. Schleck e Contador foram sexto e sétimo classificados, a dois segundos, enquanto Samuel Sánchez (Euskaltel-Euskadi) protagonizou uma excelente ponta final para fechar a etapa no oitavo posto, 52'' depois do vencedor. Num dia em que todos os outros favoritos perderam mais de dois minutos para Schleck e Contador, os cinquenta segundos de perda do ciclista da equipa basca têm sabor a vitória.

+ Na classificação geral, o resultado da jornada elevou Andy Schleck ao primeiro lugar, mantendo os mesmos 41'' de vantagem sobre Contador e deixando o agora terceiro classificado, Samuel Sánchez, já a uns distantes 2'45''. Denis Menchov (Rabobank) é quarto da geral, a 2'58'' e à frente de Jurgen van den Broeck (Lotto) e Levi Leipheimer (Radioshack), respectivamente quinto e sexto classificados a 3'31'' e 3'59''. Cadel Evans, o anterior camisola amarela, terminou a etapa mais de oito minutos depois de Casar e, consequentemente, caiu para a 18ª posição, a 7'47'' do primeiro lugar. Entre furos inconvenientes e quedas aparatosas, o australiano continua a ser perseguido pelo azar nas grandes provas velocipédicas... Entretanto, a liderança da classificação da juventude continua evidentemente entregue a Andy Schleck, que conta com 4'22'' de vantagem sobre o segundo classificado - e sétimo da geral - Robert Gesink (Rabobank). A camisola verde segue no corpo de Thor Hushovd (Cervélo), que hoje foi buscar pontos ao primeiro sprint intermédio, enquanto Jérôme Pineau perdeu o primeiro posto da classificação de montanha para o seu compatriota Anthony Charteau.

+ Em relação aos portugueses em prova, Sérgio Paulinho (Radioshack) foi 56º na etapa, a 15'17'', e Rui Costa (Caisse d'Épargne) o 110º, a 25'56''. Na classificação geral, Paulinho ultrapassou Rui Costa e ocupa agora o 77º lugar, a 56'10'' do líder, enquanto o ciclista da Póvoa de Varzim caiu para a 82ª posição, a 1h00'43''.

+ A etapa de amanhã ligará Chambéry a Gap através de um percurso com 179 km, assinalando a despedida dos Alpes. Depois de um início de perfil razoavelmente plano, os ciclistas terão pela frente a subida de primeira categoria ao Côte de Laffrey ao quilómetro setenta e sete; porém, o resto da etapa contará apenas com mais duas contagens de montanha, uma de segunda e outra de terceira categoria, com a meta a surgir no fim de uma longa descida. Não sendo uma etapa para os sprinters, também muito dificilmente acontecerão ataques de vulto entre os ciclistas interessados na classificação geral. No dia em que se comemora a tomada da Bastilha, poderá ser o cenário perfeito para mais uma vitória em fuga de um ciclista francês...

# Artigo de Margarida Martins
Publicado às 23:59


domingo, julho 11, 2010

Iniesta consagra espanhóis


Foto ASSOCIATED PRESS

+ A Espanha é a nova campeã do mundo de futebol. Numa final que acabou por defraudar as expectativas dos que aguardavam um jogo mais positivo, coube a Iniesta o golo que, no prolongamento, derrotou a Holanda e que consagrou os espanhóis. 1-0 basta, nem que seja em quatro jogos seguidos. Bastou para a Roja, a grande dominadora do futebol mundial da actualidade.

+ Faltou emoção à decisão do África do Sul'2010, mas ficaram na memória os lances protagonizados por Robben e Villa, duas ocasiões flagrantes para fazer funcionar o marcador no tempo normal. Não houve golos durante os 90 minutos, e parecia mais do que evidente - pelo menos para mim - que o "tiki-taka" iria acabar por criar um espaço para o golo. Foi Fàbregas que encontrou esse espaço e Iniesta quem escreveu história. Logo, ganhou quem tinha mais argumentos. Justo.

+ Apesar do espectáculo ter deixado um pouco a desejar, destaco o aspecto simbólico desta final inédita. Duas selecções que buscavam o seu primeiro título mundial, mas que se respeitaram e que dignificaram a modalidade como não me lembro de nenhuma outra o ter feito. O "pasillo" que os holandeses fizeram aos novos campeões mundiais, depois da entrada da taça, é algo de extraordinário. A dedicatória de Iniesta a Dani Jarque também dá uma grande carga emocional a este jogo. Nesse aspecto, estão todos, mesmo todos de parabéns.

# Artigo de Da Rocha
Publicado às 22:23


futebol nacional

blogobola

blogs

portais

clubes

modalidades



© Livre Indirecto 2006 | Desenhado por Pedro Lopes